Política

Edinho: ‘fui ético. Não tenho medo da verdade’


07/09/2015

247 – O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT), disse nesta segunda-feira (7) que defende a investigação aberta contra ele pela Procuradoria Geral da República, por conta de suspeitas relativas à origem de recursos recebidos pela campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Edinho foi o tesoureiro do PT durante o pleito do ano passado.

"Eu defendo o processo de apuração. Eu não tenho medo da verdade. Eu tenho segurança do que eu fiz na campanha. O maior defensor desse processo sou eu. Eu espero que ao final de tudo isso, a verdade prevaleça", afirmou Edinho após o desfile de 7 de Setembro em Brasília.

Questionado sobre se deixaria o cargo caso venha a ser denunciado pela PGR, Edinho disse que "prefere esperar" o resultado do inquérito. "Eu prefiro esperar. Só para a gente recuperar, um delator disse que eu o pressionei para fazer doação. Eu dialoguei com dezenas de empresários do Brasil. Ninguém ouviu isso de outro empresário", afirmou.

"Quem contrata e demite é a presidenta Dilma. Eu não tiro férias em momento de dificuldade. Em momento de dificuldade, eu trabalho mais, me dedico mais. Estou convicto que fiz o que tinha de ser feito, seguindo a ética. Eu não tenho receio de ver meus atos", afirmou, após ser questionado se poderia se afastar do governo.

Edinho afirmou que encara com "tranquilidade" a situação e disse que, enquanto tesoureiro, seguiu as orientações de Dilma. "Quando cheguei como coordenador financeiro da campanha, já tínhamos investigação em andamento e eu fiz exatamente aquilo seguindo orientações da presidente. Fiz diálogo com empresariado seguindo legislação, princípios éticos e morais", declarou. "Tenho plena confiança de que todas as dúvidas serão esclarecidas e vai prevalecer a verdade", afirmou o ministro.

Ele também defendeu as investigações, quando questionado sobre se um eventual abalo do governo com a abertura de inquéritos sobre ele e Mercadante. "Essa é mais uma demonstração de que instituições no Brasil estão funcionando e tendo liberdade de trabalho e apuração. O governo quer a verdade prevaleça e que as instituições sejam fortalecidas", disse.

O ministro declarou, ainda, ser "impossível" um tesoureiro de campanha não ter tido contato com o empresário Ricardo Pessoa. "Ele sempre foi empresário de conhecimento nacional e um doador de campanha. Você conversar com empresários não significa que cometeu ilegalidade", afirmou. "Conversei com dezenas de empresários. A meu favor pesa o testemunho dos outros empresários com quem conversei, com ética e seguindo critérios legais", defendeu-se.

Com base em depoimentos de Pessoa, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquéritos sobre Edinho, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Outros ministros petistas saíram em defesa de Edinho e de Mercadante:

Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil

Três ministros fizeram hoje (7) uma defesa dos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva. Após a cerimônia do 7 de Setembro, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Defesa, Jaques Wagner, e das Comunicações, Ricardo Berzoini, disseram que os dois colegas não praticaram nenhum ato ilícito em relação à arrecadação de campanhas eleitorais.

Segundo informações divulgadas pela imprensa, o ministro Teori Zavaski acatou pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para abertura de inquérito sobre os dois. Edinho Silva será investigado porque o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, disse em delação premiada que fez doações para a campanha da presidenta Dilma Rousseff em troca de benefícios em contratos com a Petrobras. Edinho foi tesoureiro da campanha de reeleição da presidenta.

Cardozo foi enfático e disse que conhece os dois ministros há muitos anos e tem “convicção absoluta” da inocência deles. “Eu tenho absoluta convicção de que Edinho foi absolutamente respeitador da lei e quaisquer afirmações em sentido oposto não condizem com a verdade. A orientação que a presidenta Dilma deu nessa campanha foi de absoluta lisura e de absoluto respeito à lei”, disse Cardozo.

Mercadante também será investigado por causa da delação de Pessoa, que disse ter feito doações não contabilizadas para a campanha ao governo de São Paulo em 2010 do atual ministro da Casa Civil. “Eu conheço o ministro Mercadante há muitos anos e sei do respeito que ele tem em relação à lei, em relação a comportamentos éticos”, disse o ministro da Justiça. Para Cardoso, os dois não podem ser prejulgados e o inquérito vai apenas apurar os fatos.

O ministro Jaques Wagner também defendeu os colegas e disse que não pode haver julgamento precipitado. Wagner disse que não há ainda nenhuma prova contra a honestidade dos dois ministros.

“Na verdade é um processo, tem que se esclarecer tudo. Eventualmene pode ser uma mera citação e aí o procurador geral pediu autorização, o ministro Teori concedeu, simplesmente porque você também não pode inocentar sem ao menos ir olhar o que foi dito. Mas também não tem prejulgamento. Então não tem constrangimento”, afirmou Cardoso.

O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, também lembrou que as contas de campanha da presidenta Dilma Rousseff já foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e disse que não há “preocupação” com a investigação sobre os dois ministros. “Nós achamos que se as investigações são conduzidas da maneira correta, não há nada que se preocupar. As pessoas respondem pelo que fazem e pelo que fizeram. Os dois ministros são pessoas da maior credibilidade, que merecem toda a nossa consideração e respeito”, disse Berzoini.

Edinho Silva também voltou a dizer que não se preocupa com a investigação e está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento. Questionado se pretendia se afastar do governo em razão do inquérito, ele negou e disse que “quem contrata ou demite ministro é a presidenta Dilma”. “Eu não tiro férias em momentos difíceis. Em momentos difíceis eu trabalho mais”, afirmou.


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