Saúde

Droga para déficit de atenção altera a visão

Mudança


01/03/2013



 Uma recente pesquisa publicada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostra que o consumo de metilfenidato no Brasil cresceu 75% entre 2009 e 2011. Trata-se do princípio ativo da Ritalina e do Concerta, medicamentos usados no tratamento de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). As medicações aumentam a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pela motivação e capacidade de concentração, condições relacionadas ao bom desempenho escolar.

De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, é um erro acreditar que toda criança agitada tem TDAH. Isso porque, estudo conduzido pelo especialista com professores das escolas públicas de Campinas, mostra que das 365 crianças que começaram a usar óculos de grau durante projeto desenvolvido pelo braço social do hospital, 36,2% ficaram menos agitadas, 57% ganharam concentração e 51,1% passaram a finalizar tarefas que antes não finalizavam. Significa que um par de óculos pode eliminar alguns dos principais comportamentos que caracterizam o TDAH – falta de atenção, agitação, dificuldade de concentração e de relacionamento interpessoal.

Para Queiroz Neto a influência da visão no comportamento é um dos fatores que explica o resultado de uma pesquisa brasileira apresentada no 3º Congresso Mundial de TDAH em 2011. Segundo os pesquisadores a maioria dos usuários do medicamento teve diagnóstico errado. De 128 crianças que tomavam o remédio só 27,3% tinham a doença.

Hipermetropia acomodativa

Queiroz Neto ressalta que na infância o vício de refração de maior prevalência é a hipermetropia – dificuldade de enxergar de perto. Atinge 39% das crianças que têm alguma alteração refrativa. O uso indiscriminado do metilfenidato, observa, pode causar hipermetropia acomodativa, uma dificuldade temporária de enxergar de perto. “Isso acontece porque o medicamento dilata a pupila e o olho perde o poder de acomodação para perto que é a capacidade de focar imagens próximas”, afirma.

O problema é que a prescrição do medicamento se concentra no período escolar. Por isso a criança pode ter dificuldade de se preparar para as provas.

As dicas do médico para identificar se a criança está sofrendo com a hipermetropia acomodativa são:

· Passa a esticar os braços para ler.
· Busca as últimas carteiras na sala de aula para enxergar a lousa.
· Não tem gosto pela leitura
· Troca atividades internas pelas externas.
· Aperta os olhos para ler.

Caso o metilfenidato não possa ser interrompido a recomendação é consultar um oftalmologista para prescrição de óculos. Dependendo da idade e período que o medicamento for utilizado a hipermetropia pode se tornar um mal permanente.

Outros sinais de problemas na visão

O especialista diz que os sinais de que uma criança não enxerga bem varia com a idade e vício de refração. Os principais são:

Até 2 anos
De 3 a 7 anos

· Lacrimejamento constante
· Tomba a cabeça para um lado
· Fotofobia
· Dor de cabeça ou nos olhos frequente
· Menina dos olhos muito grande, com reflexo, cor acinzentada ou opaca.
· Assiste TV muito próxima da tela
· Falta de interesse pelo ambiente e pessoas.
· Olhos desviados para o nariz ou para fora
· Olhos vermelhos e com secreção
· Esfrega os olhos após esforço visual
· Fecha um dos olhos em locais ensolarados

Avaliação pela internet

Queiroz Neto afirma que todo início de ano letivo deve ser feita uma avaliação visual para garantir o bom desempenho escolar. A primeira avaliação pode ser feita em teste disponível no site do médico – www.drqueiroxneto,com.br Os testes são auto-explicativos e adequados para cada faixa etária, mas não substituem a consulta médica. Caso a leitura seja interrompida antes da linha 07 da tabela é necessário levar a criança ao oftalmologista.



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