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‘Doutor Estranho’ supera polêmicas de diversidade e introduz magia à Marvel

MAGIA NA MARVEL


21/10/2016



Mesmo após enfrentar demônios, magos malignos e ameaças de outras dimensões, o “Doutor Estranho” que chega aos cinemas no próximo dia 2 de novembro terá novos desafios a superar. O próximo filme da Marvel, protagonizado por Benedict Cumberbatch no papel do super-herói místico, não apenas introduzirá magia ao universo cinematográfico da editora, mas deverá provar que se manteve fiel ao material original, ao mesmo tempo em que encara críticas quanto à diversidade de seu elenco.

As polêmicas não impediram o envolvimento de Chiwetel Ejiofor, indicado ao Oscar por sua atuação em “12 anos de escravidão”. Em “Doutor Estranho”, o ator interpretará Mordo, um dos personagens que sofreu alterações entre os dois meios. De vilão branco, ele passou a colega/mentor negro.

“Não estava muito preocupado. O elenco do filme é o mais diversificado possível”, afirma, em entrevista ao G1 por telefone. “Sinto que o que alcançamos, entre eu, Tilda, Benedict Wong e Benedict Cumberbatch, foi algo com pessoas de diferentes origens, diferentes gêneros”, explica.

Criado nos quadrinhos em 1963 por Steve Ditko, Stephen Strange é um renomado cirurgião americano que perde a destreza com as mãos em um acidente de carro e viaja pelo mundo em busca de uma cura. Em um templo no alto do Himalaia, ele estuda artes místicas e recebe o título de maior mago do planeta.

Para alguns, a sinopse original das HQs poderia ser apresentada como a descrição de apropriação cultural: um ocidental branco vai à Ásia, aprende os hábitos locais e se torna melhor do que os habitantes. Não bastasse isso, a adaptação ao cinema tomou certas liberdades que não foram vistas com bons olhos.

É o caso do personagem do Ancião, um ser místico que assume o papel de mentor de Strange e é retratado nos quadrinhos como um homem asiático, mas que será vivido no filme por Tilda Swinton (“Descompensada”) — uma mulher claramente britânica.

A mudança foi considerada como exemplo de “whitewashing”, prática na qual Hollywood escala atores caucasianos no papel que originalmente eram pensados para artistas pertencentes a minorias, como negros e asiáticos.

“Quando o personagem foi criado, nos anos 1960, era uma época realmente muito diferente. Por isso, é importante se afastar de algumas coisas que eram um pouco mais estereotipadas e tentar reinventar de uma forma mais contemporânea”, diz Ejiofor.

Bom exemplo disso é a mudança sofrida pelo personagem Wong — coincidentemente interpretado pelo ator com o mesmo sobrenome. No longa, ele deixa a velha posição dos quadrinhos de criado oriental de Strange e passa a ser guardião da biblioteca de Kamar-Taj, cidade mística na qual o herói recebe seu treinamento.

Mordo
Apesar das mudanças, o personagem de Ejiofor é introduzido de forma parecida à dos quadrinhos. No filme dirigido por Scott Derrickson (“A entidade”), Mordo ainda é um aprendiz antigo do Ancião (Anciã?) que é afetado pelos talentos naturais do estranho novato, mas, dessa vez, não se deixa afetar pela inveja.

“Mordo também foi criado de uma maneira muito binária, então eu estava animado com a ideia de brincar com isso um pouco, de torná-lo mais tridimensional. Sinto que, quanto mais complexos são os personagens, mais interessantes são as dinâmicas e os relacionamentos, e melhor fica o filme”, diz.

“A relação entre os dois é bem interessante porque é Mordo quem apresenta Strange a esse mundo e acaba assumindo um papel de mentor, junto do Ancião. Ele o introduz a Kamar-Taj e a aspecto das artes místicas”, diz.

“A questão em relação a Strange é que ele, por algum motivo, tem uma aptidão às artes místicas, então ele faz dele seu pupilo. E porque ele é tão bom na prática, acaba mudando a dinâmica das relações dos outros personagens.”

Magia
Além das adaptações, o último grande desafio do longa foi também um dos grandes atrativos para o ator, que se interessou por participar da estreia da magia dentro do universo Marvel.

“Acho que é uma adição fascinante, esse conceito das artes místicas e esse tipo de realidade multidimensional, que não foram vistos em nenhum dos outros filmes. Logo nas minhas primeiras conversas com o Derrickson, ele me apresentou o tipo de linguagem visual do filme. Muito do trabalho era ficar no meio de belas imagens psicodélicas, que eu acho que serão muito excitantes de assistir.”

Ele não sabe exatamente o que virá desse novo elemento no futuro da franquia e dos Vingadores nos cinemas, mas está ansioso para descobrir. “Será interessante ver esse universo se desdobrar agora. Não importa a força dos outros personagens fisicamente, eles não têm as habilidades para lidar com magia, então será bem interessante.”



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