Futebol

Dona de uma defesa respeitável, Suíça pega o empolgado Equador

Copa do Mundo


15/06/2014

{arquivo}O Grupo E da Copa do Mundo tem seu primeiro jogo às 13h deste domingo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Suíça e Equador, países diferentes tanto no aspecto cultural quanto no futebolístico, fazem um duelo de difícil prognóstico.

A Suíça chegou ao Brasil com uma variedade de idiomas. A comunicação era possível através do alemão, francês e italiano – línguas oficiais – ou inglês, turco, espanhol e até mesmo o português como rota alternativa. Um elenco multicultural: são sete jogadores que nasceram em outros países, quatro titulares (Shaqiri, Behrami e Granit Xhaka, naturais da antiga Iuguslávia, e Johan Djourou, vindo da Costa do Marfim). Uma seleção que defensivamente não varia muito, difícil levar dois, três gols de diferença. Mas que, ainda assim, parece não comover muito os seus fãs.

Os três suíços na porta do local em que a seleção está concentrada em Brasília passam longe do número de equatorianos vistos nas proximidades do estádio Mané Garrincha, seja em shoppings, bares ou hotéis. Cerca de oitenta deles, por sinal, recepcionaram a equipe na chegada ao hotel com festa. Eles falam uma língua só. E é traduzida para todos idiomas somente pelo sentimento com que fazem questão de mostrar quando dizem que creem numa boa participação na Copa do Mundo: “sí, se puede.”

É bem provável que as cadeiras vermelhas do Mané Garrincha sejam pintadas com as camisas amarelas equatorianas. Mas só será possível saber quem estreará melhor no duelo da frieza contra a empolgação às 13h de domingo, quando a bola rolar para Equador e Suíça, no Mané Garrincha, em Brasília.

SUÍÇA

A ascensão da Suíça, cabeça de chave nesta Copa, passa pelo forte esquema defensivo desenvolvido pelo técnico alemão Ottmar Hitzfeld, no comando da seleção desde 2008. É um time consegue bons resultados por sofrer poucos gols. Apenas um nos últimos sete jogos em Copas do Mundo – na derrota por 1 a 0 para o Chile, em 2010. Quatro anos antes, havia caído nos pênaltis para a Ucrânia nas oitavas de final da Copa da Alemanha e se tornado a primeira da história a voltar para casa sem sofrer nenhum gol.

A campanha nas últimas Eliminatórias reforçou a evolução do time e a consistência defensiva. Invicta, a Suíça somou sete vitórias, três empates, 17 gols a favor e apenas seis contra. Os recentes números positivos deixaram a Suíça em alta no ranking da Fifa. É a sexta colocada, posição que lhe colocou como uma das cabeças de chave do Mundial.

Para buscar um equilíbrio entre a defesa e o ataque, Hitzfeld renovou a seleção. O sistema tático 4-3-2-1 se encaixou com as novas peças. O treinador aproveitou a base da geração que venceu o Mundial Sub-17 de 2009, na Nigéria, para aumentar o nível técnico da equipe, principalmente do meio para a frente, com Shaqiri, do Bayern de Munique, e Xhaka, do Borussia Dortmund. O entrosamento da dupla Behrami e Inler, ambos do Napoli, deixam as promessas livres para criar. É na organização tática que Hitzfeld aposta para a Suíça comprovar o bom momento.

O treinador adotou o mistério como aliado durante a preparação da Suíça em solo brasileiro. Fechou a maioria dos treinos em Porto Seguro. Quando liberou a entrada da imprensa, era apenas para ver os jogadores trabalhando fundamentos. Nada que entregasse a escalação. O mesmo aconteceu na atividade de reconhecimento do Mané Garrincha. Somente 15 minutos de treino aberto. Os próprios jogadores garantem não saber qual formação Hitzfeld utilizará. As principais dúvidas estão no companheiro de Shär na defesa e no quinto homem de meio de campo. Djourou e o experiente Senderos disputam a vaga na defesa, enquanto Stocker e Mehmedi estão cotados para entrar no meio, com ligeira vantagem para o primeiro. Como referência de ataque, ao que tudo indica o jovem Drmic, um dos mais novos do grupo, com 21 anos, venceu a concorrência com Seferovic.
EQUADOR

O Equador, ou "La Tri", como gostam de chamar os torcedores, chega ao Brasil para a disputa do seu terceiro Mundial. Classificados pela primeira vez para a Copa em 2002 – quando foram eliminados ainda na primeira fase – os equatorianos conseguiram repetir a dose em 2006, quando avançaram até as oitavas de final. No entanto, por um ponto, acabaram ficando fora da Copa da África do Sul e retornam, após oito anos, sonhando ao menos em repetir o desempenho da Alemanha.
 

E a torcida acredita, criou um lema, cantou na porta do hotel e no treino: “sí, se puede”.
Porém, apesar da empolgação, a campanha nas eliminatórias foi marcada pelo desequilíbrio: ótimas atuações em casa, mas nenhuma vitória fora. Uma virtude apresentada pelo time, entretanto, foi a defesa sólida, que terminou como a segunda menos vazada e garantiu a quarta colocação e classificação direta para a Copa – o Equador terminou com os mesmos 25 pontos que o Uruguai, mas sofreu nove gols a menos que o adversário e levou vantagem no saldo.

Apesar de ter um time titular maduro – média de idade de 27 anos -, apenas três deles contam com experiência em Mundiais. Poderiam ser cinco, não fosse o corte por contusão do volante Segundo Castillo às vésperas da Copa e a trágica morte do atacante Christian "Chucho" Benítez, em 2013, após sofrer uma parada cardíaca. A lembrança do antigo camisa 11, por sinal, segue bastante presente entre jogadores, comissão técnica e torcedores equatorianos.

– Foi uma notícia inacreditável a de Christian. Tínhamos uma ótima amizade. Jogar por ele é uma motivação a mais para o Mundial – afirmou o capitão do time e principal referência, Antonio Valencia.

Um dos que fizeram parte do elenco de 2006, Valencia chega ao Brasil com carreira consolidada no futebol europeu – atua pelo Manchester United desde 2009 – e caminha para se tornar o maior jogador do futebol equatoriano de todos os tempos.



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