Política

Dilma depõe e nega intervenção de Gleise em indicações na Petrobras

EX-PRESIDENTE


29/07/2017

 A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) prestou depoimento na 7ª Vara da Justiça Federal, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (28), como testemunha de defesa da senadora Gleisi Hoffmann (PT) e do ex-ministro de Planejamento, Paulo Bernardo (PT), na ação penal que acusa ambos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Dilma negou que tanto Gleisi, na época ministra Chefe da Civil de seu governo, quanto Paulo Bernardo, que comandava o ministério das Comunicações, tenham tentado evitar a demissão do diretor administrativo da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República contra Gleisi e Bernardo, a campanha dela para o Senado, em 2010 teria se beneficiado de doação ilegal de campanha com origem em desvios dentro da estatal. “[Gleisi] era simplesmente ministra Chefe da Civil e quem decide quem demite e quem nomeia é a relação entre a diretoria da Petrobras e a Presidência”, afirmou Dilma.

A ex-presidenta lembrou que Costa não foi a única mudança feita por seu governo dentro da Petrobras logo no primeiro ano de mandato. Ela citou a saída de Renato Duque, diretor de exploração, ligado à descoberta do pré-sal – “uma pessoa bastante competente, mas que estava cansado” – e Jorge Zelada, diretor da área internacional da empresa.

“No meu período, nós fizemos nomeações eminentemente técnicas, buscando as melhores pessoas para cumprir as funções. Que eu me lembre, a mesma coisa aconteceu no governo do presidente Lula. Ocorre que nem sempre as pessoas são aquilo que você pensa que elas são”.

Em resposta a uma pergunta do advogado da Petrobras, Dilma disse que a razão da demissão de Costa foi porque “não só ele não cumpria prazos, como não dava satisfações também”. Em outro momento, a ex-presidenta afirmou que “não o achava competente para o cargo” e que tinha uma “relação um pouco distante com ele”.

“Consta no depoimento dele que a senhora teve uma discussão um pouco ríspida com ele, a senhora recorda disso?”, questionou o representante do Ministério Público. “Várias”, respondeu Dilma. “Consta também que a senhora não teria simpatia por ele”. “Eu não pensava nisso (…) Eu não gostava, nem desgostava dele. Eu tinha uma relação profissional. Tinha discussões quando discordava dele”.

Testemunha ou informante

O depoimento de Dilma foi rápido e durou cerca de 30 minutos. Logo no início, o representante do Ministério Público pediu ao juiz Paulo Marcos de Farias, auxiliar do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, que Dilma fosse ouvida na condição de “informante” e não como “testemunha” na ação. “O MP entende que a ex-presidente, por ser a presidente nesta época, não poderia prestar depoimento na condição de testemunha porquanto tem envolvimento nos fatos e assim sendo poderia até faltar com a verdade sem que isso fosse considerado crime”.

Farias disse que conhecia bem a denúncia e não lembrava de ver nela o nome da ex-presidente colocado nela em nenhum momento como atuante em alguma ação. “Então, eu não vislumbro nenhum impedimento. Ainda mais com a declaração da própria testemunha de que não tem interesse na causa”, afirmou ele negando o pedido do MP.

Já Dilma pediu a palavra para fazer um adendo a solicitação: “Eu acho um absurdo eu ser relacionada com qualquer fato por eu ser presidente da República na época. Acho essa afirmação estarrecedora”.

A imprensa não pode acompanhar o depoimento da ex-presidente, mas a Justiça Federal divulgou o vídeo que será anexado ao processo.



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