Economia & Negócios

Desemprego fica em 8,1% no trimestre até maio, diz IBGE


09/07/2015



A taxa de desemprego subiu nos últimos três meses até maio deste ano e chegou a 8,1%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice está acima do registrado no mesmo trimestre do ano anterior (7%) e supera ainda a do trimestre encerrado em fevereiro (7,4%), que são as bases de comparação. No trimestre encerrado em março a taxa foi de 7,9%, e em abril, de 8%.

Foi a maior taxa de desocupação para um trimestre de março a maio desde 2012, segundo o IBGE.

“A taxa de desocupação aumentou por uma procura intensa de trabalho, sem geração proporcional de vaga. Você tem pressão em cima do mercado, as pessoas estão buscando trabalho e elas não estão conseguindo”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Havia 8,2 milhões de pessoas de 14 anos ou mais idade desocupadas no país, na semana em que foi feita a pesquisa, informou o IBGE. "Esta estimativa era de 7,4 milhões no trimestre terminado em fevereiro, apontando aumento de 756 mil pessoas, ou seja, 10,2% que não estavam ocupadas e procuraram trabalho", analisou o IBGE. Em um ano, o contingente de desocupados cresceu 1,3 milhão, ou seja, 18,4%, informou o instituto.
“Foi a maior variação [aumento de 18,4% da desocupação no ano] da série [iniciada no primeiro trimestre de 2012] para este período de comparação”, informou o IBGE.
Segundo Cimar Azeredo, o aumento de 10,2% da desocupação, em comparação ao trimestre terminado em fevereiro, também foi o aumento mais intenso do que o observado em anos anteriores para o período analisado.

“Não houve queda da ocupação, mas ela subiu proporcionalmente menos do que subiu a desocupação, o que fez com a taxa se elevasse”, explicou Cimar Azeredo.

Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substitui a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente 210 mil domicílios em um trimestre, informou o coordenador do IBGE.

Por atividade

Por grupamento de atividade, Cimar Azeredo ressaltou que duas atividades merecem destaque na alta do desemprego: agricultura e construção. “Principalmente construção, que continuou reduzindo nesse vetor mais curto. Na comparação trimestral, reduziu 404 mil pessoas. Na comparação anual, menos 636 mil trabalhadores. A construção representava 8,6% [da população ocupada] e passou a representar 7,9%”. Na comparação anual, a agricultura teve queda de 2,3%, ou 223 mil pessoas a menos.

Ocupação

O nível de ocupação das pessoas com 14 anos ou mais, na semana da pesquisa, foi estimado em 56,2%, uma retração de 0,2% em comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro de 2015. Em um ano, a queda foi de 0,6%. O número de pessoas ocupadas foi estimado em 92,1 milhões, e “foi considerado estável em ambos os trimestres em análise”. Contudo, na comparação anual, o IBGE ressaltou que “foi a menor geração de postos de trabalho da série”.

“Essa queda de 0,6% [diferença entre nível de ocupação de 56,8% em 2014 e 56,2% em 2015] é importante. Mostra evolução da população ocupada inferior ao crescimento da população em idade de trabalhar”, diz Azeredo.

“A população está crescendo, mas a quantidade de emprego que está sendo gerado não está crescendo na mesma proporção, consequentemente, o nível de ocupação vai cair”, explica o coordenador.
População fora da força de trabalho

A população fora da força de trabalho foi estimada em 63,7 milhões, “se mantendo estável na comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro de 2015”. Em um ano, esse percentual variou 1,4%.

“Em momento onde você vê esse cenário de redução ou crescimento menor da população não economicamente ativa, ou você vê uma taxa de desocupação maior, rendimento não crescendo, a tendência é as pessoas buscarem o mercado de trabalho até para poder atingir a estabilidade”.

Rendimento

O rendimento médio real habitualmente recebido por mês em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas foi estimado em R$ 1.863, denotando estabilidade em ambos os trimestres de comparação. “Estável, mas observe que o movimento foi menor ao observado no trimestre anterior de comparação”, apontou o IBGE.

Ainda segundo Cimar, desacelerou o crescimento do rendimento “quando se observa a variação anual registrada de 2013 para 2014, para o período em análise [2014 para 2015]”.

Em comparação com o mesmo trimestre de 2014 (R$ 1.870), o rendimento foi 0,4% menor. Em relação ao trimestre encerrado em fevereiro (R$ 1.877), o rendimento foi 0,7% inferior.

Por posição na ocupação, frente ao trimestre de dezembro a fevereiro de 2015, os empregados no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) apresentaram recuo de 2,2% em seus rendimentos reais, bem como os trabalhadores por conta própria (-3,5%). Frente ao trimestre de março a maio de 2014, apenas os trabalhadores por conta própria sofreram perdas reais em seus rendimentos (-3,5%).

Carteira de trabalho

O coordenador ressaltou ainda que o número de trabalhadores com carteira de trabalho reduziu 708 mil em um ano, ou 1,9%. “Caiu emprego sem carteira também, então, quando você vê essa janela de estabilidade afetada, a tendência de pessoas que antes não estão pressionando mercado, elas tendem a buscar trabalho. Estudantes, donas de casa, diante desse cenário que acaba se desfazendo, tendem a buscar trabalho”, diz. Também houve queda do emprego sem carteira, de 310 mil.

Segundo o IBGE, em um ano, cresceu o número de trabalhadores por conta própria, quase um milhão, ou seja, 4,4%, e o de empregadores subiu quase 300 mil, ou seja, 8,4% presentes no mercado de trabalho brasileiro.

 



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