Saúde
Descoberta da estrutura do DNA faz 60 anos
60 anos
25/04/2013
Dois grandes feitos da ciência fazem aniversário neste mês. Cerca de duas semanas atrás, comemoraram-se dez anos do primeiro sequenciamento completo de um genoma humano, anunciado em 14 de abril de 2003 por um consórcio internacional de cientistas. Esse marco científico e tecnológico que está revolucionando a medicina, porém, jamais teria sido possível sem um outro feito monumental, que completa 60 anos na quinta-feira (25): a elucidação da estrutura molecular do DNA.
A descoberta da dupla hélice pelo americano James Watson e o britânico Francis Crick estabeleceu a pedra fundamental sobre a qual todo o conhecimento moderno da genética humana e da evolução da vida na Terra está estruturado.
Sem conhecer a estrutura da molécula de DNA, seria impossível entender como funciona. E, sem entender como o DNA funciona, seria impossível entender como a vida funciona. A existência do DNA (ácido desoxirribonucleico) já era conhecida desde o fim do século 19, mas sua estrutura molecular (e portanto suas funções essenciais) permaneceu um mistério até Watson e Crick a desvendarem. O trabalho histórico, curto e elegantemente simples, com apenas uma página e um desenho, foi publicado em 25 de abril de 1953 na revista científica britânica Nature.
Foi um trabalho tão bem feito que até hoje está do jeito que está, sem nenhuma correção, e continua a ser uma fonte básica de informação para livros-texto de várias disciplinas, diz o pesquisador Eduardo Gorab, do Departamento de Genética do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. De longe, foi o trabalho que deixou todos os outros para trás, completa, referindo-se à corrida que havia na comunidade científica da época para chegar à cobiçada estrutura.
Nove anos depois da publicação da descoberta, Watson e Crick receberam o Prêmio Nobel pela descoberta, ao lado do britânico Maurice Wilkins, que elucidou algumas das funções biológicas associadas à estrutura da dupla hélice. Os três pesquisadores foram originalmente nomeados para receber o Nobel de Química, mas acabaram recebendo o de Medicina, pelo reconhecimento – então pioneiro – das enormes implicações da descoberta para a compreensão da biologia humana.
Implicações
Meio século mais tarde, a descoberta da dupla hélice desembocou no sequenciamento do genoma humano, que por sua vez desencadeou um processo de revolução científica e tecnológica na Medicina como um todo.Quase todas as doenças humanas têm um componente genético. Ou são causadas diretamente ou, no mínimo, são influenciadas (para o bem ou para o mal) por características genéticas individuais de cada paciente. Conhecer e entender essas características, portanto, é um dos objetivos mais importantes da medicina moderna. A chamada medicina personalizada. É algo que vai ter repercussões tremendas nos próximos anos, diz o pesquisador Emmanuel Dias Neto, do Centro Internacional de Pesquisa e Ensino do Hospital A. C. Camargo.
A tecnologia para isso avança numa velocidade espantosa. O sequenciamento e o mapeamento do primeiro genoma humano custaram quase US$ 3 bilhões e levou mais de dez anos para ser concluído. Hoje, pode-se sequenciar um genoma humano em um dia, por cerca de US$ 1 mil, numa única máquina. São comuns projetos de pesquisa envolvendo o sequenciamento de milhares de pacientes. Quanto mais informações temos, mais coisas podemos fazer com elas, diz Emmanuel, que trabalha com genética de câncer. A tecnologia hoje nos permite fazer coisas que jamais imaginaríamos possíveis.
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