Policial

Delegado da PF diz que extradição de Antônio e Fabrícia ao Brasil pode levar até três meses

Donos da Braiscompany usavam documentos falsos de parentes para se esconder em condomínio de luxo na Argentina.


01/03/2024

Delegado Regional Executivo da Polícia Federal, Guilherme Torres (Foto: Sandra Macedo)

Redação / Portal WSCOM

A 4ª Vara Federal de Campina Grande vai pedir nos próximos dias a extradição do casal Antônio Inácio da Silva Neto e Fabrícia Campos Farias, proprietários da empresa de criptomoedas Braiscompany, que foram presos na Argentina na última quinta-feira (29) pela Interpol. Eles são acusados de montar um esquema de pirâmide financeira que lesou milhares de investidores no Brasil e movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão nos últimos quatro anos.

O pedido de extradição será encaminhado para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), em Brasília, que por sua vez o enviará para a Justiça da Argentina. O trâmite pode levar até três meses, segundo o delegado da Polícia Federal, Guilherme Torres, que concedeu uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (1º) em João Pessoa.

“Já há uma extradição, que é a do Victor Hugo, que no caso demorou cerca de três meses, então, tomando por base esse caso, a gente trabalha com prazos como esses”, disse o delegado, referindo-se a um outro membro do esquema, que foi preso e extraditado no mesmo país.

Documentos falsos

O delegado informou que o casal usava documentos falsos de parentes, que podem responder por colaboração, para atravessar a fronteira do Brasil para a Argentina, por via terrestre, em meados do ano passado. Na Argentina, eles viviam em um condomínio de luxo na cidade de Escobar, na província de Buenos Aires, e se mantinham com criptomoedas, a mesma plataforma que usavam para enganar os investidores.

A Polícia Federal rastreou o casal após meses de investigação, monitorando suas compras em supermercados e suas idas a uma academia. No momento da abordagem, Antônio tentou fugir, mas foi capturado. Ele usava uma identidade falsa com o nome de João Felipe Costa. A esposa, Fabrícia, também foi detida. Eles vão passar por uma audiência na Argentina e aguardam a decisão sobre a extradição.

Investigação

O casal era considerado foragido desde 16 de fevereiro de 2023, quando ocorreu a primeira fase da Operação Halving da Polícia Federal, que investigou o esquema de pirâmide financeira com criptomoedas da Braiscompany. A operação teve como alvo a sede da empresa e locais associados, em Campina Grande, João Pessoa e São Paulo. Posteriormente, cerca de R$ 15,3 milhões foram bloqueados em contas ligadas à empresa, que movimentou aproximadamente R$ 1,5 bilhão nos últimos quatro anos, segundo a Polícia Federal.

O casal foi condenado pela Justiça Federal da Paraíba a mais de 140 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais. Antônio pegou uma pena de 88 anos e 7 meses de prisão, em regime fechado. Fabrícia pegou uma pena de 61 anos e 11 meses de prisão, também em regime fechado. Outros nove réus também foram condenados.



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