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Delatores da Odebrecht confirmam caixa 2 a Alckimin

RÉUS NA LAVA-JATO


26/11/2016



Pelo menos três candidatos a delatores ligados ao Grupo Odebrecht relataram aos investigadores da Operação Lava-Jato nomes de supostos arrecadadores de caixa dois que teriam captado recursos e os destinado, ao menos em parte, ao abastecimento de campanhas eleitorais do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Cada arrecadador contaria com um esquema próprio de atuação, entre os anos de 2002 e 2010.

A informação foi apurada pelo Valor com diferentes fontes relacionadas às negociações para a assinatura do acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Por meio de sua assessoria de imprensa, o governador Geraldo Alckmin negou qualquer ocorrência de irregularidades nas campanhas eleitorais das quais participou naquele período de oito anos, incluída a disputa presidencial de 2006.

Ao explicar o significado dos apelidos e valores vinculados a contratos de obras públicas que constam da contabilidade do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht — espécie de divisão da propina revelada pela secretária da empresa Maria Lúcia Tavares —, os delatores do grupo empresarial confirmaram aos procuradores que o codinome “santo” se trata do apelido usado para se referir a Geraldo Alckmin.

Entre os documentos apreendidos pela Polícia Federal em ações de busca estão anotações e mensagens de executivos da Odebrecht que sugerem a vinculação do codinome “santo” a obras das linhas 2 Verde e 4 Amarela do Metrô de São Paulo.

E-mails interceptados pela Lava-Jato datados de 2004 revelaram ainda mensagem enviada pelo então diretor da Odebrecht responsável pelo contrato da Linha 4 do Metrô, Marcio Pellegrini, solicitando pagamento de R$ 500 mil para “ajuda de campanha com vistas a nossos interesses locais”. Neste caso também há referência ao apelido “santo”.

Outra anotação — de 2002 e apreendida com o executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Junior — menciona uma “acomodação de mercado” para incluir empreiteiras que perderam a concorrência pública de duplicação da rodovia Mogi-Dutra, em São Paulo, citando ainda suposto pagamento de 5% sobre o valor do contrato para o “santo”.

Entretanto, os mesmos executivos e ex-executivos que buscam a delação premiada esclareceram que Alckmin nunca participou de negociações para discutir valores ou combinar recebimento de recursos. A suposta arrecadação para caixa dois eleitoral envolveria outras pessoas, cujas atuações foram relatadas nos depoimentos tomados pelos investigadores e que ainda não são as delações premiadas oficiais — porque dependem de formalização, por meio da assinatura do acordo com a PGR, prevista para ocorrer até o início de dezembro.

A assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes disse que “as contribuições recebidas em campanhas eleitorais disputadas pelo governador Geraldo Alckmin foram devidamente contabilizadas e informadas à Justiça Eleitoral pelos respectivos comitês financeiros cujos membros eram os únicos autorizados a falar em nome do candidato”.


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