Cinema

Curta paraibano sobre “cura gay” concorre em festival internacional de cinema em direitos humanos

O filme foi lançando no 15º Fest Araruda e ganhou, na mostra sob o céu o nordestino, os prêmios de melhor roteiro (Eduardo Varandas) e melhor atriz (Ingrid Trigueiro).


06/01/2021

Ingrid Trigueiro interpreta a psicóloga Heleonora e Micaell Wouglle atua como o jovem Mateus. (Foto: Divulgação/Assessoria)

Portal WSCOM



O curta paraibano “Cura-me”, escrito e dirigido pelo Procurador Eduardo Varandas, concorre ao  prêmio de melhor no filme no “Human Rights Film Festival Brazil”. O filme foi lançando no 15º Fest Araruda e ganhou, na mostra sob o céu o nordestino, os prêmios de melhor roteiro (do próprio Varandas) e melhor atriz (Ingrid Trigueiro).

O “Human Rights Film Festival Brazil” tem o apoio da ONU, UNESCO, Save the Children e UNAIDS e visa a premiar e divulgar produções audiovisuais que colaborem na luta pela proteção dos direitos humanos. Na edição deste ano, concorrem filmes da Alemanha, Dinamarca, Irã,  Turquia, Canadá, Grécia, Filipinas, Gana, Afestanistão,  e outros países. Além do paraibano “Cura-me”, participa também o filme brasileiro “Jadzia” estrelado pela atriz global Laura Cardoso.

Produzido pela Castanhola Filmes, a obra “Cura-me” não contou com patrocínio público ou privado. “Preferimos fazer o que se chama de cinema guerrilha, reunimos uma boa equipe com vontade de fazer arte pela arte, e fomos em frente”, pontuou Varandas.

A estória do filme, baseada em três casos reais, conta os percalços do jovem e atormentado “Mateus” (Micaell Wouglle) que busca a psicóloga religiosa “Heleonora” (Ingrid Trigueiro) para a suposta cura de sua homossexualidade.

“A temática do curta é bem atual, haja vista que, ainda em 2017, fora concedida liminar, pela Justiça Federal, permitindo que psicólogos aplicassem terapias de redefinição sexual, proibidas pelo Conselho Federal de Psicologia. Mesmo cassada a decisão, temos ciência de utilização dessas técnicas por alguns profissionais que sobrepõem a sua religião sobre a ciência e causam grandes danos psíquicos aos pacientes, inclusive o suicídio.”, justificou o diretor.

A importância da discussão do tema

Desde 2016, o Grupo Gay da Bahia (GGB) inclui o suicídio (tema abordado pelo filme) em seu levantamento de mortes de LGBTs. Naquele ano, foram 26 registros, contra 100 casos em 2018, um aumento de 284% no período.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil (a faixa etária do personagem do filme). O público LGBT tem seis vezes mais chance de cometer o ato, de acordo com a revista científica americana “Pediatrics”. Ainda para a publicação, o risco de suicídio é 21,5% maior quando LGBTs convivem em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero.

A causa desses altos índices decorre, dentre outros fatores, da autorrejeição, da dificuldade de integração social e de outros traumas sofridos e, nesse ponto, o filme pontua a gravidade das terapias de cura de homossexualidade através de métodos cruéis.

 O filme, traduzido em inglês para “Heal me”  pode ser assistido gratuitamente no dia de hoje no sítio do festival: http://www.festinval.com/ . No mesmo site, você pode votar no seu predileto.



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