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COVID-19: Tratamento com plasma de pessoas recuperadas é seguro, revela estudo

Pesquisadores descobriram que menos de 1% dos pacientes tratados apresentaram efeitos colaterais sérios e que a taxa de mortalidade sete dias após a transfusão foi de 14,9%


19/05/2020

Análise de amostras de sangue para detectar covid-19 — Foto: Pixabay

Valor



Um estudo com pacientes que receberam transfusão de plasma de pessoas que se recuperaram da Covid-19 indica que a terapia experimental aparentemente é seguro, abrindo caminho para estudos futuros e testes clínicos. Uma equipe de pesquisadores da Mayo Clinic, Universidade do Estado de Michigan e da Universidade Johns Hopkins examinou os resultados de exames de 5.000 pacientes hospitalizados nos EUA, que receberam como tratamento o plasma de pacientes recuperados do novo coronavírus, e descobriu que as transfusões resultaram em poucos efeitos colaterais sérios e a inexistência de uma taxa de mortalidade excessiva.

Pesquisadores descobriram que menos de 1% dos pacientes tratados apresentaram efeitos colaterais sérios e que a taxa de mortalidade sete dias após a transfusão foi de 14,9%.

“A taxa de mortalidade não parece excessiva”, concluíram os pesquisadores, considerando a natureza letal do novo coronavírus e o fato de que dois terços dos pacientes no estudo estavam criticamente doentes em unidades de terapia intensiva quando receberam a transfusão.

Os pacientes receberam o plasma de recuperados da doença como parte de um programa de acesso expandido ou “uso humanitário” da Food and Drug Administration (FDA), agência federal do Departamento de Saúde dos EUA.

Os pesquisadores esperam que as transfusões de plasma ricos em anticorpos de pessoas recuperadas da covid-19 possam ajudar a neutralizar o coronavírus em pacientes doentes. Mas eles alertaram que não é possível determinar a partir deste estudo se o plasma foi a causa da melhora na saúde dos pacientes, uma vez que todos eles receberam o tratamento. Testes clínicos sobre a eficácia de um tratamento envolvem a comparação com um grupo similar de pacientes que não tenha recebido o tratamento experimento.

Os dados de segurança do tratamento, baixa mortalidade e efeitos colaterais, provavelmente vão impulsionar os esforços para que sejam conduzidos mais testes clínicos controlados para investigar se o plasma de pacientes recuperados é um tratamento eficaz para a covid-19, disseram os pesquisadores.

Os achados do estudo também podem dar tranquilidade aos médicos que queiram aplicar o tratamento experimental a pacientes como uma medida paliativa até que uma vacina ou mais terapias direcionadas sejam desenvolvidas.

“Os dados são tranquilizadores”, disse Arturo Casadevall, da Universidade Johns Hopkins, um dos autores do estudo. “Agora, podemos focar em descobrir se o tratamento é eficaz.”



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