Educação

Cotistas têm nota de corte só 5,3% menor em medicina

Mudança


09/01/2013

 A diferença média entre as no­tas de corte dos cotistas e não cotistas inscritos para os cur­sos de Medicina das universi­dades federais é de apenas 5,3%. O índice não acompanha, por exemplo, a diferença das médias dos desempenho no Enem de Alunos de Escolas pú­blicas e particulares, que é de 17%. É o que mostra análise so­bre a nota de corte desses cur­sos no Sistema de Seleção Uni­ficada (Sisu), divulgada on­tem. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anun­ciou bolsa de R$ 400 a Alunos de baixa renda aprovados por conta da Lei de Cotas.

Este é o primeiro ingresso de Alunos nas federais após a apro­vação da lei, que determina que em 2013 as instituições reser­vem no mínimo 12,5% de suas va­gas, em cada curso, para estudan­tes que tenham cursado o Ensino médio em Escolas públicas. A proporção deverá chegar a 50% das vagas para esses estudantes dentro de quatro anos.

As instituições também preci­sam atender a critérios de cor de pele e de renda. De acordo com Mercadante, a bolsa será conce­dida para os Alunos de renda igual ouinferior a 1,5 salário minimo que forem matriculados em cursos com mais de cinco horas de jornada por dia. "Terão direi­to a uma bolsa de R$ 400 por mês, assim que entrarem na uni­versidade, durante todo o cur­so", disse o ministro, ontem. Em novembro, Mercadante havia anunciado uma ajuda financeira para os cotistas, nos moldes do programa Bolsa Família, mas não havia confirmado o valor na ocasião.

Quando a lei foi aprovada, al­guns Educadores acreditavam que a ação poderia favorecer o ingresso de Alunos menos prepa­rados em cursos de exigência aca­dêmica alta, como Medicina. Mas recorte feito pelo Estado mostra que a diferença média en­tre a nota de corte de cotistas e não cotistas é de 39,12 pontos nesse curso, o que significa 5,3%.

A distância das notas varia en­tre os 32 cursos de Medicina com vagas no Sisu, mas não passa, na média, de 10,3% – ou seja, 75,59 pontos. A consultora em educa­ção Ilona Becskehazy explica que cursos de ponta tendem a atrair no geral um perfil de candi­datos mais qualificados, até mes­mo os de Escolas públicas. "É uma questão de escolha de pro­fissão de acordo com o perfil so­cial. São famílias que sabem que certos cursos valem o esforço." Para a média da nota de corte dos cotistas, a reportagem levou em conta os valores para cada op­ção de ação afirmativa, uma vez que o candidato escolhe em qual perfil se encaixa – e o sistema ge­ra uma nota mínima para cada um deles. A diferença tende a ser maior entre candidatos pretos ou indígenas, com renda abaixo de 1,5 salário mínimo.

Na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), enquanto um candidato na concorrência geral precisa de uma nota míni­ma de 774,48, um candidato indí­gena de Escola pública com nota de 670,70 garantiria a vaga. A no­ta de corte varia todos os dias, até o fim do prazo de inscrição, por conta da procura.

Mais difícil para cotas. Tam­bém em Medicina na UFMA, per­cebe-se uma característica curio­sa. A nota de corte do Aluno que estudou em Escola pública, inde­pendentemente de cor de pele e renda, é maior que o corte na con­corrência ampla. No primeiro ca­so, o mínimo é de 789,14 e no ge­ral, 774,48.

A terceira maior nota de corte registrada foi para vagas destina­das a Alunos de Escola pública em Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). A nota mínima é de 808,70, maior que na concorrência ge­rai, de 808,56.

Essa realidade se repete em cursos com notas de corte mais baixas. Para quem quer entrar em Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), concorrendo como cotista de es­cola pública, precisa de nota mí­nima 8 pontos maior que candi­datos que optaram pela ampla concorrência. A instituição ofe­rece 45 vagas, sendo 27 para não cotistas e o restante dividido pa­ra cotistas. Para Aluno de Escola pública, independentemente de raça e renda, são 5 vagas.

As inscrições terminam no dia 11. Até ontem, mas de 1,1 milhão de candidatos tinham feito mais de 2,2 milhões de inscrições – o candidato pode fazer até duas op­ções de curso. O sistema é usado para preencher 129.319 vagas em 101 instituições.



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