Futebol

Conmebol diz que clubes e torcidas devem se acostumar à nova realidade

Conmebol


11/03/2013



A Libertadores 2013 apenas começou, e já é uma das mais polêmicas da história. Apesar de estar na 54ª edição, só agora a maior competição sul-americana ganhou da Conmebol uma cartilha e um tribunal para resolver problemas disciplinares.

À frente do novíssimo Tribunal Disciplinar, que em menos de três meses de atividade já puniu os campeões Corinthians, Vélez, Peñarol e Grêmio, está o pernambucano Caio César Vieira Rocha, 32, vice-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e ex-integrante do Comitê de Resoluções de Disputas da Fifa.

"É fácil para nós, como brasileiros, criticar a Conmebol pela demora [na criação do Código Disciplinar e do tribunal], mas temos que levar em conta que é uma entidade que abrange diversos países, e alguns não têm no futebol um nível de desenvolvimento tão grande quanto o Brasil", diz Rocha, presidente e mais jovem membro do tribunal formado por juristas sul-americanos, em entrevista à Folha, por telefone.

Os dez integrantes dos dez países da entidade, divididos entre o Tribunal Disciplinar e a Comissão de Apelações, têm a missão de mudar a imagem do torneio que, em cinco décadas, ganhou fama pela violência dentro e fora de campo, pela impunidade e pela falta de organização.

"[Até 2012] as penalidades eram aplicadas pelo Comitê-Executivo, que era um órgão formado não necessariamente por juristas. Era comum ver críticas pelo pouco rigor na disciplina, e essas críticas tinham até fundamento", afirma Rocha. "Quando um fato chamava a atenção da mídia, era levado ao comitê, que aplicava a pena sem processo, sem direito de defesa."

A reunião que definiu a criação do júri ocorreu em 18 de dezembro, seis dias após a decisão da Copa Sul-Americana. Por isso, explica Rocha, o Tigre, que abandonou o jogo, levou apenas multa.

Na Libertadores, o tribunal começou a trabalhar na primeira fase, o mata-mata anterior à fase de grupos: US$ 35 mil (R$ 70 mil) ao Grêmio pela avalanche que acabou em alambrado rompido.

Por atrasar três minutos após o intervalo, o Cerro Porteño levou pena de R$ 28 mil. "A Libertadores não era rigorosa pois não havia um código disciplinar", argumenta.

As primeiras decisões do novo júri, baseadas no novo código, passaram longe da unanimidade. "Vejo uma forte intenção da Conmebol em fazer melhorias. E toda nova iniciativa vai se deparar com obstáculos. Não dá para querer que, com um novo código, tudo mude de repente."

O Corinthians, atual campeão, foi quem primeiro estrilou após ter o Pacaembu fechado. "Percebi no início um certo choque e resistência por parte até do clube, que se revoltou, mas na sociedade a decisão [de fechar os portões do Pacaembu] foi bem aceita e até aplaudida", afirma.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.