Economia

Comerciante prevê aumento de 40% nas vendas de fogos de artifício durante o São João, apesar de restrições em João Pessoa; entenda

Mesmo com a proibição de fogueiras e fogos com estampido, setor segue confiante nas vendas; empresário aposta na conscientização da população sobre o que é permitido.


22/05/2025

Paulo Nascimento



Mesmo diante das restrições impostas à realização das festas juninas em João Pessoa, o setor comercial mantém o otimismo. Empresários que atuam na venda de fogos de artifício esperam um crescimento significativo nas vendas em 2025, impulsionado por uma maior conscientização da população sobre os produtos que são ou não permitidos.

O São João é uma das festividades mais importantes do Nordeste brasileiro, não apenas por sua riqueza cultural, mas também pelo impacto econômico significativo que gera, especialmente na Paraíba. Em 2024, os festejos juninos movimentaram mais de R$700 milhões na economia paraibana, beneficiando diretamente comerciantes e empreendedores locais.

É o caso de Júnior Gonçalves, proprietário do Lojão do Balão, no bairro do Cristo Redentor, que prevê um aumento de até 40% nas vendas em comparação com o mesmo período do ano passado.

“As festas juninas têm um peso muito grande no nosso faturamento. É, sem dúvida, um dos principais períodos do ano, especialmente aqui no Nordeste, onde essa tradição é extremamente valorizada. Esperamos que aumente 40% de vendas neste ano de 2025 em comparação ao ano passado de 2024.”, afirma.

Segundo o comerciante, o crescimento esperado tem relação direta com o fato de mais consumidores estarem entendendo que nem todos os fogos de artifício foram proibidos.

“As proibições têm impactado bastante o comércio, principalmente porque muitas pessoas ainda acreditam que todos os tipos de fogos foram proibidos, o que não é verdade. Isso causa confusão e receio na hora da compra. Mas aos poucos, com mais divulgação, o cenário está mudando.”, explica.

Mudanças na legislação

Na Paraíba, os fogos com estampido, ou seja, que produzem barulho, estão proibidos por lei estadual. Apenas fogos de baixo ruído, que produzem efeitos visuais sem impacto sonoro significativo, estão liberados para venda e uso. A legislação busca proteger pessoas com sensibilidade auditiva, como crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), idosos, pacientes hospitalizados e animais.

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Além disso, segue em vigor a proibição do acendimento de fogueiras em áreas urbanas da capital. Um projeto de lei que revoga essa medida já foi aprovado pela Assembleia Legislativa, mas ainda depende de sanção do governador. Enquanto isso, quem for flagrado acendendo fogueiras em João Pessoa pode ser multado.

A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) recomenda que as fogueiras sejam realizadas de forma coletiva, por bairro ou por rua, como forma de reduzir o impacto da fumaça. A medida tem apoio da Secretaria Municipal de Saúde, que decretou situação de emergência até julho devido ao aumento dos casos de Síndrome Gripal e SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em crianças.

Adaptação e expectativa de vendas

Com as mudanças, comerciantes precisaram adaptar seus estoques e estratégias. Gonçalves conta que sua loja passou a investir em fogos mais leves, com menor impacto sonoro.

“O termo ‘fogos silenciosos’ é um mito. Eles não são completamente silenciosos, o correto é dizer que são de baixo ruído. E sim, já trabalhamos com esse tipo de produto, cuja procura vem crescendo bastante.”, afirma.

Fora do período junino, o comerciante revela que o movimento nas lojas de fogos cai drasticamente.

“Em meses não juninos, as vendas caem cerca de 95%. A diferença é muito grande entre os períodos. Ainda conseguimos vender fora de época para eventos como chá revelação e casamentos, mas é no São João que o movimento realmente acontece.”, detalha.

Ainda assim, o otimismo com as vendas permanece alto.

“A procura está dentro do esperado para o período. Ainda não registramos um aumento expressivo em relação ao ano passado, mas seguimos confiantes com o aquecimento do movimento à medida que o São João se aproxima.”

Tradição que resiste

Mesmo com as adaptações, o São João segue como uma expressão cultural viva da identidade nordestina. E, segundo comerciantes, o público está cada vez mais engajado em manter a tradição de forma consciente.

“As pessoas estão começando a entender que é possível manter a festa, mesmo com as novas regras. O importante é não deixar a cultura se apagar.”, finaliza Gonçalves.



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