Política

Com rumores de saída de Guedes, Bolsonaro se reúne com ministro um dia após debandada de secretários


22/10/2021

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes

WSCOM com g1

O presidente Jair Bolsonaro chegou por volta de 14h30 nesta sexta-feira (22) para uma visita ao ministro Paulo Guedes, no Ministério da Economia. O encontro ocorre em meio ao avanço da proposta do governo de alterar a regra do teto de gastos públicos para gastar mais com o programa social Auxílio Brasil. Ocorre também um dia após quatro secretários de Guedes pedirem demissão, alegando motivos pessoais.

Na quinta-feira (21), a comissão da Câmara aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, que fixa um limite, a cada exercício financeiro, para as despesas com os precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça). Também foi alterada a regra de correção do teto de gastos.

As mudanças na regra do teto de gastos, aprovadas pela comissão, e a debandada no Ministério da Economia, adicionaram mais tensão aos movimentos do mercado financeiro.

Nesta sexta-feira (22), o dólar é negociado novamente em forte alta, em meio aos temores de piora do cenário fiscal do país após as manobras do governo para driblar o teto de gastos. Já a Bolsa de Valores opera em queda, na contramão dos mercados externos.

Demissão de Guedes

Depois de o mercado despencar na véspera, em meio a mudanças na regra do teto de gastos e à debandada de secretários do Ministério da Economia, hoje o grande tema é o Ministro Paulo Guedes. A grande pergunta é se ele também deve deixar o cargo.

Foi isso que noticiou o jornal Correio Braziliense hoje. Segundo a publicação, o Ministro da Economia teria pedido demissão do cargo na quinta-feira (21) durante uma discussão entre o líder da pasta econômica e o presidente Jair Bolsonaro. Poucos minutos depois, a agência Reuters afirmou que Guedes seguia no cargo.

Agora, o mercado acompanha informações de que o presidente Jair Bolsonaro estaria a caminho do ministério para conversar com Guedes.

De acordo com o jornal Correio Braziliense, o ministro Paulo Guedes teria dito que não aceitaria furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família que possui o valor de R$ 400.

O pedido de demissão teria ocorrido após os secretários do ministro pedirem exoneração de seus cargos, por não concordarem que o benefício fosse subsidiado com o aumento de endividamento público.

De acordo com fontes do jornal, o ministro se sentiria desmoralizado e não descartaria a opção de formalizar sua demissão hoje ou ao longo da próxima semana. O pedido teria sido confirmado por quatro fontes próximas a Guedes, segundo blog do Correio Braziliense.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração. Gildenora Dantas, secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, e o Rafael Araujo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional, também pediram exoneração de seus cargos.

Funchal disse que o governo sinaliza um descompromisso com a responsabilidade fiscal, tirando totalmente a credibilidade da política econômica. Os secretários não são contra o aumento do valor do Auxílio Brasil, mas defendem que a medida deveria ser adotada com cortes de gastos e não com aumento do endividamento público.

Interlocutores de Bolsonaro já procuram nomes

Mais cedo, o jornalista Valdo Cruz, do G1, havia informado que os interlocutores do presidente estavam sondando um nome para substituir o líder da pasta econômica, caso o ministro Paulo Guedes pedisse demissão.

Além de temerem que o próprio ministro pedisse exoneração, existe também uma ala do governo que tentava convencer Bolsonaro a substituí-lo. Eles argumentavam que o titular da Economia está muito enfraquecido e perdeu credibilidade junto ao mercado.

O grande impasse agora da política é a dificuldade em encontrar alguém que tenha credibilidade no mercado e aceite a função.

O ministro Paulo Guedes já havia falado anteriormente que não iria sair de seu cargo, somente se fosse obrigado a tomar medidas que colocassem em risco a responsabilidade fiscal.



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