Brasil

Com Lula no Pará, Macron homenageia cacique Raoni e anuncia 1 bilhão de euros para a Amazônia


27/03/2024

Portal WSCOM

O cacique Raoni Metuktire recebeu, nessa terça-feira, 29 de março, na Ilha do Combu (uma das 39 ilhas que circundam a capital Belém), a Condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra das mãos do presidente da França, Emmanuel Macron. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversas autoridades acompanharam a homenagem, que se revestiu de grande significado para os povos indígenas brasileiros.

Siga o canal do WSCOM no Whatsapp.

Instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte, a honraria é a maior condecoração oferecida pelo Governo da França e é concedida aos cidadãos franceses e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global. “Senhor Raoni Metuktire, em nome da República Francesa, considere-se Cavaleiro da Legião de Honra”, afirmou o presidente Macron, ao entregar a comenda ao líder indígena, de 92 anos.

Durante seu discurso, Macron lembrou a trajetória de luta do cacique Raoni pela proteção das florestas e direitos dos povos indígenas e sentenciou: “Nunca você parou. Nunca você vai parar. Você foi um líder desse combate e levou muito mais longe, de maneira mais firme, do que muitos outros. Você é um cacique cuja idade já não conta. A sua energia é cada vez mais forte. Cada vez que o vejo ele está mais forte. Lula, ele é uma esperança para nós”, afirmou o presidente francês.

Emocionado, Raoni revelou que ter recebido a honraria lhe trouxe um instante de alegria em meio ao luto pela perda recente de uma neta. “Eu estou muito feliz aqui por estar vivenciando esse momento com vocês. Estou realmente contente porque, dias antes, eu estava muito triste porque eu perdi a minha neta. Mas agora estou ficando contente novamente com vocês aqui. Presidente Emmanuel Macron, quero dizer que estou muito feliz por você reconhecer esse meu trabalho com esse título de honra”.

DESMATAMENTO ZERO – Em sua fala, o presidente Lula lembrou os compromissos assumidos durante seus três mandatos como presidente da República e reforçou a meta do Brasil de alcançar o desmatamento zero até 2030.

 

APELO DE BELÉM – Os dois presidentes anunciaram também que os governos brasileiro e francês firmaram o chamado “Apelo de Belém” (Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além), acordo que visa a apoiar a agenda climática, a preservação da Amazônia e os povos indígenas, em várias frentes.

“Com o presidente Lula, decidimos lançar o Apelo de Belém, onde, juntos, vamos avançar nesse combate e tomar decisões muito concretas”, detalhou Macron. O presidente francês anunciou o lançamento de um grande programa de investimentos para a Amazônia brasileira e guianense, com o objetivo de alavancar um bilhão de euros em investimentos públicos e privados, “para a biodiversidade e atividades econômicas compatíveis com o interesse dos povos indígenas, que lhes permitam ter perspectivas de desenvolvimento e conservar a nossa floresta”, acrescentou

“Vamos também relançar atividades de cooperação e a luta contra o garimpo ilegal e a luta contra todos os interesses financeiros de curto prazo que venham aqui ameaçar a floresta. O que nós queremos fazer é preservar, conhecer melhor, multiplicar a cooperação científica, assumir estratégias de apoio aos povos indígenas e, juntos, realizar ações de investimentos da bioeconomia para que isso cresça”, prosseguiu o presidente da França.

PLANO DE AÇÃO – Durante a passagem por Belém, os presidentes Lula e Macron adotaram duas importantes declarações na área ambiental: o Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além; e o Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais.

No primeiro, os dois líderes comprometeram-se a trabalhar, em âmbito bilateral e multilateral, para fazer da ação contra a mudança do clima uma prioridade estratégica. Lula e Macron sublinharam a importância de um multilateralismo eficaz, renovado e inclusivo, sob a égide das Nações Unidas, notadamente para fazer frente às múltiplas crises sociais e ambientais em curso.

Já no Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais os dois países trabalharão para promover a proteção florestal tendo em vista a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP30, que será realizada em Belém, em 2025.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //