No primeiro dia de desfile das escolas de samba do Rio, as últimas foram as primeiras: com apresentações grandiosas e tecnicamente apuradas, Beija Flor e Salgueiro, que encerraram a festa na Sapucaí, despontaram como fortes candidatas ao título e saíram da passarela sob gritos de “é campeã”.

A Beija Flor, que é das agremiações mais ricas e foi vice-campeã em 2013, compensou seu samba-enredo quadrado com um desfile redondo em homenagem a José Bonifácio de Oliveira, o Boni, que veio à frente da bateria, fantasiado de Carlitos, assim como os ritmistas.

A qualidade de suas alas e carros –como a comissão de frente com peças de xadrez vivas e beija-flores humanos que voavam, suspensos por cabos– chamou atenção, mas o que realmente empolgou a arquibancada foi o derradeiro carro alegórico, com dezenas de celebridades amigas do homenageado, como Tony Ramos, Renato Aragão, Luciano Huck e Angélica, Regina Duarte, Tarcísio Meira e Glória Menezes, Faustão, Pedro Bial e Marília Gabriela.

Antes da escola de Nilópolis, o Salgueiro mostrou um samba com refrão forte e que caiu no gosto do público, um desfile sem erros _apesar do seu gigantismo e de um princípio de incêndio em seu abre-alas _e alegorias e fantasias impecáveis.

Em todos os setores, o samba foi cantado por quem estava na Sapacaí. Desde a comissão de frente _que retratava os orixás cantados no refrão do samba_, a escola empolgou.

O abre-alas e o segundo carro remetiam à África para ilustrar a criação do mundo e a natureza no enredo “Gaia”, também sobre a sustentabilidade.

Em outro carro, pás de geração eólica e painéis de energia solar representavam a energia alternativa. Ao final, a escola ilustrou a poluição em sua última alegoria, com um enorme mostro e chaminés.

A outra escola tradicional e sempre bem cotada a desfilar no domingo foi a Mangueira. O toque da carnavalesca Rosa Magalhães, campeã de muitos carnavais, mudou a verde e rosa, que ano passado amargou um 8º lugar com um enredo sobre Cuiabá.

Popular e contando com uma torcida animada — enquanto a Beija Flor chegou a ser vaiada no início de seu desfile–, bastou suas primeiras alas dobrarem a esquina que leva à avenida Marquês de Sapucaí para as arquibancadas ficarem cobertas de bandeirolas com suas cores.

Este ano com um enredo sobre as festas brasileiras, a escola mostrou em suas primeiras alas mais alegria, com fantasias mais leves e mais bem acabadas. E a madrinha de bateria, Evelyn Bastos, mostrou que faz diferença ter à frente dos ritmistas uma passista de verdade e não a atriz de sucesso do momento.