Política
Com condenação de Lula, Judiciário “virou Suprapoder que tem lado”, diz Menezes
DIZ JALDES MENEZES
25/01/2018
– Recentemente, o Poder Judiciário, mais que espírito de corpo corporativo, virou uma espécie de Suprapoder que tem lado. Assim, o novo estado de exceção em montagem não requisita de dispositivos constitucionais de estado de emergência ou de sítio. Já existe a dispor um suprapoder cotidiano", comentou o Professor Doutor em História, Jaldes Menezes, diante dos fatos registrados desde a "Lava Jato" até a condenação do ex-presidente Lula.
Para ele, "não é apenas Lula. É mais grave e diz respeito a todos nós. O Brasil sempre se caracterizou por formas políticas de exceção. Na história do Brasil a democracia é exceção e não regra", advertiu ele, acrescentando que " neste aspecto, é fundamental analisar o lugar do poder judiciário na armadura do poder dominante hoje. Socialmente, trata-se um segmento das classes dominantes que se comporta como um estamento".
CICLOS – No seu entendimento, " estão se encerrando dois ciclos históricos combinados, o da constituição de 1988, bem como o "ganha-ganha" policlassista do lulismo originário, possibilitado pela lealdade de todas as forças políticas – mesmo as de oposição – ao terreno comum da atual constituição, não por acaso muito conhecida como "cidadã".
Conforme analisou, " é preciso nos prepararmos para o florescimento de um novo período histórico, certamente mais radicalizado e de deslealdade à letra do pacto da lei".
E concluiu:
– A era Lula (a fase dourada dos governos passados de Lula e Dilma, compreenda-se) acabou, mas o lulismo cresceu muito. Trata-se do maior movimento político de massas da história brasileira. É importantíssimo defender o legado da era Lula e compreender o novo papel radical do lulismo em crescimento. A nova agregação potencial das massas virá mais, de imediato, de um programa de combate concreto às reformas neoliberais da previdência e do Estado, entre outras do governo Temer. Há de haver intrínseca combinação da defesa intransigente da democracia e contra os gravíssimos retrocessos. Mais vale o que será".
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.