Ana Adelaide

Professora doutora pela UFPB.

Geral

ZANGADA


07/07/2010

Foto: autor desconhecido.

 

Zangada e indignada com o goleiro do Flamengo, Bruno. De novo a mesma estória. Mulher bonita, querendo muito aparecer. Sedução. Orgias. Festas. Sexo. Gravidez. Estupidez. Assassinatos. E as declarações desses homens que correm atrás da bola? e de tantos outros também. Mulher tem que apanhar. Um tapinha não dói. Homens pobres que muito jovens se entopem de dinheiro e fama e se acham dono do mundo.Uma lástima!

Zangada com a prefeitura? ou alguma construtora sem rumo? who knows? Que, sem avisar nem consultar, despejou kilos de entulhos na minha rua. Montanhas de metralhas com pedaços enormes de concreto, ferro, etc….Impossibilitando-nos de transitar por uma semana. Qual a minha surpresa? ontem, na calada do fim do dia, ao chegar em casa, não pude entrar na minha rua, pois algum trator havia espalhado essa aberração de concreto, que só se eu tivesse uma camionete potente, poderia ter transitado. Literalmente desci do carro, e com minhas próprias mãos saí retirando blocos pesados do meio da rua, tentando entrar em casa.Um horror!

Zangada e triste com a tragédia dos músicos paraibanos, mortos em acidente. Conheci Radegundis anos atrás, quando trabalhava na Assessoria Internacional da Reitoria, UFPB, quando ele aparecia com aquele sorriso largo, quando se preparava para suas viagens internacionais. Fiquei também gelada, pois há muitos anos (1981), sofri um acidente grave na estrada de Recife, um cavalo que também se atravessou na frente do meu Fiat Uno, e eu, sem cinto nem nada, quebrei o pára-brisa com o nariz, quebrando ele todo claro, e enchendo meus olhos com cacos de vidro e pavor. Fui socorrida para Abreu e Lima em estado de choque, e só depois, levada para dormir na casa de Apipucos, de Gilberto Freyre (tio de Fred Pitanga), onde fui muito bem acolhida por ele e D. Madalena. Lembro do seu carinho e preocupação comigo, nariguda, zangada e perplexa, tentando me acalmar com figos frescos com chantilly. Nunca mais esqueci daquela noite, quando fui protegida pelos meus anjos e pelos seus toques de trombones.

Zangadíssima com o trânsito de João Pessoa. Com a falta de educação e arrogância dos motoristas. Com os donos/donas do mundo, que estacionam trancando a gente. E que depois estufam o peito de razão, e ainda saem dizendo asneiras.

Zangada com a ignorância das nossas platéias do cinema. Fui assistir ao Preço da Traição, e numa cena tocante e bela de duas mulheres na cama, o público adolescente excitado, desconcertados e reprimidos, gritavam, e falavam tanta bobagem, que perdemos toda e qualquer sensação mais erótica que poderíamos vir a ter. Ficamos zangados/das e nos desconcentramos, perdendo toda a cumplicidade da cena. Hello! Estamos no século XXI gente! E o sexo ainda desconcerta tanto assim?

Zangada com a feiúra da cidade. E por favor paraibanos/nas, não me atirem pedras. Reconheço as belezas da cidade: suas praias (sujas e mal cuidadas); o centro histórico (decadente); arquitetura (muito destruída) – o que é aquela feirinha de Tambaú? e o Mercado de Peixe? Até hoje não entendo o por quê de não se usar a paisagem como o propósito do lugar e se fazer algo bucólico, exótico, simples e diferenciado; A Lagoa ; Gastronomia, etc e tal. Falo do lugar se eu fosse uma turista acidental , e ao passar no Centro ou nos emaranhados das ruas estreitas da Orla, e me deparar com tanta coisa feia e mal cuidada, talvez fizesse carreira para Mangue Seco. Soube que Cláudia Raia e suas pernas para o ar, criticou o Espaço Cultural e seus ácaros. Que está tudo dominado pelos bichinhos isso está!

E a dança da política paraibana hein? Motivos para outras zangas, mas por ela eu não me deixo zangar. Sigo cantando amor febril e Alecrim dourado!

Mas, como não só de zanga se vive…., e procuro sempre um minuto de fé no ser humano e principalmente na vida e nos dias ensolarados ou chuvosos. E nesses dias de julho, dando uns pinotes com minha irmã Teça, que de férias, nos trás notícias do País de Gales…Também estou em mãos, com o livro A Escrita – Há futuro para a escrita? Do filósofo Tcheco-brasileiro, chamado de Walter Benjamim da pós-modernidade, onde investiga o papel da escrita na formação da cultura e da própria noção de “história”, perguntado-nos se os códigos digitais substituirão a escrita e se então escrever deixaria de fazer sentido. Tudo isso traduzido brilhantemente pelo meu cunhado Murilo Jardelino.

E quanto à tristeza, nos despedimos de D. Vanilde Costa, companheira de Dr. Wamberto Costa, mãe de Bebeto, Paulinho, Gracinha e Peinha. Amigos da família, vizinhos na Antonio Lira em Tambaú, e pessoas queridas. E quando presenciamos tais despedidas, choramos nossos próprios mortos também. E todo um tempo de juventude e sabores da infância e adolescência nos vem à memória. E o resto do dia se pinta de cores pastéis, penumbras indecifráveis, e sentimentos melancólicos.

E hoje, torcerei pela Alemanha! Saudades de Beckenbauer! mas em solidariedade aos meus/minhas colegas de trabalho, saberei gritar também Olé!

E para adoçar os dias zangados, continuo me lambuzando de sapotis e sapotas.

Ana Adelaide – João Pessoa 6 de julho 2010


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