Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“Vitória de Pirro”


31/08/2016

Foto: autor desconhecido.

 

Muitas vezes vemos pessoas comemorando vitórias que podem ser consideradas inúteis. Se analisarmos bem, elas trazem mais prejuízos do que vantagens. Rapidamente se desperta para a consciência de que não valeu muito a pena sua conquista. O esforço empreendido pode até, circunstancialmente, parecer algo merecedor do sacrifício exigido, mas seu resultado produz consequências irreparáveis.

A expressão nasceu da manifestação do rei Pirro, após a batalha de Ásculo, quando perdeu um número considerável de soldados. Ao felicitar seus generais teria afirmado: “se formos vitoriosos em mais uma batalha contra os romanos, estaremos completamente arruinados”.

Existem lutas que são abraçadas por influências emocionais ou pelo simples desejo de vencer o inimigo a qualquer custo, mesmo que isso não traga qualquer benefício. Ou até pior, sabendo que terão efeitos contrários ao que efetivamente se deseja. Mas, o que importa na hora da batalha é aquela ânsia de derrotar o adversário, por pura jactância, a necessidade de mostrar que tem o poder e que deterá o controle da situação.

O mais trágico é que a maioria dos que se incorporam na contenda, não tem noção dos riscos que corre no “day after”. São “inocentes úteis” monitorados por quem tem objetivos pessoais que se distanciam das motivações a que são induzidos para abraçarem a causa. Quando percebem o erro, é tarde demais. Só resta lamentar e purgar os pecados cometidos.

Fico triste quando vejo as comemorações das “vitórias de pirro”. Aquelas que não pertencem a muitos que se julgam vencedores, porque em nada se apresentará como ganhos efetivos. É quase como se tivesse dando um salto no escuro, mas na sensação de que é a alternativa que lhe sobra. Uma aposta alta. O triunfo com gostinho de derrota, uma vez que não há perspectiva evidente de proveitos. Pelo contrário, há sinalização clara de perdas, danos.

Quando estivermos prestes a enfrentar um combate, é imprescindível que analisemos todos os perigos e ameaças que ele nos oferece, evitando assim possíveis arrependimentos, mesmo que as vitórias sejam alcançadas. As celebrações das “vitórias de pirro” são momentâneas, desaparecem com uma rapidez impressionante. Somos impactados muito cedo pela realidade que teimamos em não enxergar no tempo certo.


 


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