Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

Urge recuperar a imagem do Parlamento


22/03/2024

Nikolas Ferreira

Causa tristeza assistir alguns debates no atual parlamento brasileiro, tanto na Câmara Federal, quanto no Senado. Lideranças políticas recém eleitas transformam o plenário das duas casas em uma turma de “quinta série”. Cognitivamente imaturos, não entendem a responsabilidade dos mandatos que ocupam e se comportam como crianças que levam tudo na brincadeira. Mostram-se descomprometidos com o social e o legal. Com o advento da internet, o objetivo maior é “lacrar” para atender os interesses dos seguidores que conquistaram pelas redes sociais. Faltam elegância e educação no exercício da atividade parlamentar. Esses neófitos na política, ao invés de buscarem resoluções para os problemas do Brasil, que não são poucos e nem fáceis, estão mais preocupados em trocar xingamentos e provocar adversários, como se fossem crianças brigando na hora do recreio.

Tem hora que a gente não sabe se ri ou chora. Os espetáculos burlescos protagonizados por figuras caricatas que conseguiram se eleger no último pleito, comprometem a imagem do parlamento, e, por consequência, da atividade política, o que nos proporciona um sentimento de decepção e, ao mesmo tempo, de saudade de uma época em que o Congresso Nacional era palco de brilhantes pronunciamentos que se afirmaram como marcos memoráveis de nossa história. Os discursos abordavam questões de relevância para a vida política do país, independente dos conceitos e ideologias que cada um defendia.

A Casa do Povo, como é também chamado o Parlamento, deve ser o espaço maior da expressão democrática e pluralista da nossa República, onde senadores e deputados busquem as melhores soluções para a defesa do bem-comum. Lamentavelmente, temos visto que personagens histriônicos, com assento nas duas Casas, têm demonstrado absoluta falta de sensatez, desequilíbrio emocional e baixo nível intelectual para o exercício da atividade parlamentar. Com a maior naturalidade gravam suas peraltices para expor na internet, sem se dar conta do ridículo a que estão sendo submetidos. Mas não se importam com isso, têm uma boa parcela da população que aplaude esses atos cômicos, ainda que destoantes da compostura ou decoro parlamentar que o mandato conquistado exige.

A atual legislatura tem revelado políticos que produzem cenas bizarras e absurdas no parlamento, contribuindo para que a imagem do Poder Legislativo se desgaste perante a opinião pública. Esperamos que sejam parlamentares de um único mandato. Na verdade, eles promovem ações meramente diversionistas, muitas das vezes concentradas na guerra cultural, com o propósito de refugiarem-se da realidade. Fabricam crises políticas, com performances de trapalhões, mas bem ao gosto dos que integram a bolha ideológica a que pertencem.

O Congresso precisa recuperar o respeito e o prestígio que, no passado, possuía. Só assim conseguiremos ultrapassar esse período nefasto da jovem democracia brasileira, quando ela vem sendo fortemente ameaçada por retóricas golpistas. Profundamente lastimável que a sociedade contemporânea tenha chegado a esse estágio de inconsciência cívica e de ausência do senso de responsabilidade ao eleger seus representantes para o Poder Legislativo. Os bons quadros estão rareando, submersos nesse mundo da política irresponsável, originada das redes sociais.


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