Sinceramente achei tímidas as comemorações do sesquicentenário de nascimento de Epitácio Pessoa na Paraíba durante o ano de 2015. Ficaram longe de corresponder à importância daquela personalidade da nossa história. Único brasileiro a ocupar a presidência dos três poderes a nível nacional: executivo, judiciário e legislativo, nosso conterrâneo merecia maiores homenagens dos seus conterrâneos.

O legado que deixou como homem público orgulha a todos nós paraibanos. Epitácio entrou para a história por se colocar como alguém que quebrava tradições. Foi o primeiro presidente eleito sem estar no Brasil durante a campanha, morava na França, participando da Conferência da Paz em Paris, quando sufragado pelos brasileiros obtendo uma votação que superava em duas vezes a obtida pelo seu adversário, Rui Barbosa, conquistando setenta por cento do eleitorado que compareceu às urnas. Na verdade nem sabia que seu nome estava apresentado como candidato à presidência. Foi também o primeiro presidente fora da política “café com leite”, onde só se elegiam os que atuavam em São Paulo e Minas Gerais.

Não foi brilhante apenas na seara política. Epitácio Pessoa atuou com excepcional competência no Supremo Tribunal Federal, onde travou batalhas técnico-jurídicas com o não menos competente Pedro Lessa. Ali alcançou outra proeza inédita, nunca foi voto vencido nos processos em que funcionou como relator. Redigiu o Projeto de Código de Direito Internacional Público, em 1911.

Indicado Por Venâncio Neiva, ocupou uma cadeira na Assembléia Nacional Constituinte, em 1891, com apenas vinte e seis anos de idade. Foi senador, pela Paraiba, em 1912, revelando-se aí um extraordinário tribuno.

Por todos esses motivos fico sem compreender essa acanhada comemoração do sesquicentenário de nascimento de um dos mais ilustres paraibanos da nossa história. Na minha avaliação ficamos devendo as justas e merecidas homenagens que deveriam ter sido prestadas a esse expoente nacional, com naturalidade paraibana.