Paraíba
Um Deus para todos
01/06/2023
Tive uma criação rígida, do ponto de vista da religião, como quase todas as crianças e adolescentes da minha época.
Católica fervorosa, a minha mãe me incluía em todos os seus programas cristãos, tais como visitas ao cemitério, para depositar flores e rezar pela alma do meu pai, e missas, quase sempre na Catedral, celebradas pelo padre Everaldo, assíduo frequentador do almoço de domingo na casa da minha tia Bernadete.
Essa opção e fé não impediram a minha avó de frequentar os cultos da Igreja Presbiteriana da praça 1817, no centro da capital.
Anos mais tarde, vítima de uma queda que lhe retirou parte dos movimentos, tive a oportunidade de compartilhar mais da sua companhia, lendo aos domingos a Bíblia Sagrada para ela.
Já adulto, fui apresentado à doutrina espírita de Alan Kardec, por influência de Gil Sabino e cheguei a frequentar algumas sessões de mesa branca no templo localizado na Lagoa.
Todas essas lembranças passaram em minha mente durante a missa celebrada pelo padre Virgílio Almeida, na Igreja de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, no bairro do Bessa, para comemorar seus trinta anos de sacerdócio.
Ex-Vigário Geral da Arquidiocese, o sacerdote me foi apresentado pela minha sogra Tica Teixeira, e logo nos tornamos amigos pelas suas ideias progressistas e simpatia pelas causas sociais.
A empatia me motivou a editorar um livro escrito por ele e a nos reunirmos regularmente para jogar cartas e falar de futebol. Pernambucano, o padre Virgílio é torcedor doente do Sport. Mas, ninguém é perfeito, nem mesmo ele que é um autêntico pastor de almas.
O bom de tudo é que viajei de volta ao passado, e me vi de repente rezando outra vez pelas almas dos que se foram e pedindo perdão dos pecados como fazem também os evangélicos e os espíritas.
E também os umbandistas que são vários por aqui.
Conheci alguns nos tempos de rádio, e cheguei a frequentar uma entidade dirigida por Mãe Naninha que era uma líder comunitária.
Também ali só ví se fazer o bem e todos andavam com fé. Cantavam seus cantos e faziam as suas orações.
Numa dessas visitas cruzei com alguns cantores e artistas que contribuíam com a causa.
E em tudo isso tinha o dedo de Deus. Uma intensa energia positiva e de muita inspiração.O poder da criação e a natureza do criador.
A missa da minha mãe e a Bíblia da minha avó, que eu reencontrei muitos anos depois naquela cerimônia de vocação e gratidão.
É bem verdade que elas não estavam lá, mas a saudade também é uma forma de amor. E, por isso, ao término do culto, me senti em paz.
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