Geral
“Último romance”
23/01/2014
Foto: autor desconhecido.
O compositor e vocalista Rodrigo Amarante, integrante da banda carioca “Los Hermanos” é o autor da belíssima canção “Último Romance”, lançada em 2003. Nela ele narra a história da descoberta do amor por um homem na idade em que se imaginava impossível de ser alcançado pelo cupido.
“Eu encontrei quando não quis/Mais procurar o meu amor”. O “eu lírico” diz da sua surpresa em se ver apaixonado quando pensava que a idade já não lhe permitiria viver algo igual. Encontrou o amor num momento da sua vida em que sequer manifestava interesse em buscá-lo. Chegou de repente.
“E o quanto levou foi pra eu merecer/Antes um mês e eu já não sei”. Já não tinha noção do tempo em que viveu a solidão. O fato é que descobriu que fazia por merecer essa felicidade que tomava conta do seu coração.
“E até quem me vê lendo jornal/Na fila do pão, sabe que eu te encontrei”. Não há como esconder. Em tudo o que faz, até nas coisas mais comuns e rotineiras, como “ler um jornal em público na fila da padaria”, deixa demonstrada sua alegria de estar apaixonado. Quer, na verdade, que o mundo inteiro tome conhecimento disso.
“E ninguém dirá/Que é tarde demais/Que é tão diferente assim/Do nosso amor/A gente é quem sabe, pequena”. Aos preconceituosos não admitirá que digam “ser tarde demais”, como se não fosse possível amar na velhice. O amor não se diferencia por conta da idade. E diz à sua amada que somente a eles dois cabe avaliar a imensidão desse querer um ao outro.
“Ah vai!/Me diz o que é o sufoco/Que eu te mostro alguém/A fim de te acompanhar”. Ele está disposto a tudo nesse envolvimento sentimental, até compartilhar as dificuldades ou instantes de sofrimento. Ele promete fazer-se presente quando ela estiver precisando do seu amparo, da sua proteção, do seu afago carinhoso.
“E se o caso for de ir à praia/Eu levo essa casa numa sacola”. Não se incomodará em fazer programas a que estava desacostumado, como por exemplo, “ir à praia”. Se esse for o desejo dela, terá sua companhia, e fará o que for possível para atendê-la nas suas vontades.
“Eu encontrei-a e quis duvidar/Tanto clichê/Deve não ser/Você me falou/Pra eu não me preocupar/Ter fé e ver coragem no amor”. Chegou a duvidar se realmente estava amando. Enfrentava observações críticas das pessoas que desacreditam no amor entre pessoas com idade avançada. Mas foi encorajado por ela a ser superior a tudo isso, não se preocupar com o que os outros diziam e encarar com coragem as emoções fortes de dois enamorados.
“E só de te ver/Eu penso em trocar/A minha tevê, num jeito de te levar/A qualquer lugar que você queira”. Quer sair do comodismo de ficar estático diante de um aparelho de televisão. Ao vê-la se sente motivado a trocar sua rotina para levá-la a lugares novos, onde afinal ela quisesse ir. Quer movimento, quer novas atitudes, quer dar um novo sentido à sua vida, desde que ao lado dela.
“E ir onde o vento for/Que prá nós dois/Sair de casa já é se aventurar”. Fala da disposição em ir em busca de aventuras, “sair de casa”, cúmplices na trilha de um novo tempo. O que importa é estarem juntos, usufruindo todos os prazeres que lhes forem permitidos.
“Ah Vai!/Me diz o que é o sossego/Que eu te mostro alguém/A fim de te acompanhar”. Se ela sinaliza a tranquilidade e a paz de uma convivência agradável ele está pronto para ser seu companheiro nesse novo caminhar.
“E se o tempo for te levar/Eu sigo essa hora/Pego carona/Pra te acompanhar”. A declaração de amor eterno, até que a morte os separe. Se, por desígnio de Deus, ela partir antes, ele haverá de esperar, até com ansiedade, quando em outro plano possam novamente se encontrar.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.
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