Brasília – A sociedade paraibana – a pessoense mais exatamente -, não deu conta ainda de um processo em curso na Universidade Federal da Paraíba podendo redundar, pelo menos com base na intenção de alguns professores do DECOM, na transferência da exploração de seu canal de TV Universitário para a iniciativa privada, isto é, para o Sistema Correio de Comunicação.

Ontem, em pleno DECOM – de outroras lutas históricas! – a cúpula do Curso de Comunicação da UFPB em sintonia com a ausência cúmplice da Reitoria da UFPB se dispôs a admitir que a Universidade mais antiga e mais importante do Estado possa transferir a outorga de exploração de seu canal de TV e Rádio para o Sistema Correio, a partir de documento formalizado meses atrás.

Em reunião, os professores Saint Clair e Derval Golzio se manifestaram favoráveis à cessão, segundo informes repassados à Coluna, diante da presença do executivo Alexandre Jubert convocado para discutir o interesse da UFPB por ter sido o agente provocador do processo. Apenas o diretor do CCHLA, Lúcio Flávio, se manteve contrário à posição dos docentes do DECOM sabendo-se desde já que o assunto agora será tratado em reunião do colegiado do Departamento.

Não é demais lembrar que a pretensão do Sistema Correio, detentor já de canal de TV aberta, de emissoras de rádio e de jornal ocorre exatamente quando o Governo Lula anuncia altos investimentos nas TVs públicas (universitárias) como nunca se viu na história da comunicação deste País animando desde já as TVs de Pernambuco, Rio Grande do Norte e da Bahia.

A realidade mostra ainda o Reitor da UFPB, inerte, fazendo de conta que o problema não é da universidade, se mantém distante quando deveria ser ele – independentemente dos interesses externos – a defender as conquistas da instituição e não se omitir, como se deu, não comparecendo ao debate sobre o assunto e instruindo seus assessores a fazer o mesmo.

Não vale, apenas, dizer-se que espera pela posição do DECOM, pois se trata de assunto de alta relevância para a vida universitária como um todo e não só de um departamento, portanto , o assunto não deveria ser tratado no “faz de conta” do tipo que é coisa do “vizinho”.

Insisto em repetir: o Sistema Correio faz bem seu papel de querer se expandir, mas à UFPB cabe a defesa de seu patrimônio exclusivo, além do mais a pretensão exposta não pode ser entendida como única opção pois existem várias outras empresas aptas ao intento.

A decisão de poucos professores interpretando a cúpula do DECOM não pode ignorar ainda o interesse histórico de dezenas de gerações na luta pela criação de seu próprio mecanismo de formação e difusão coletiva acompanhando a produção universitária, mas agora sob a ameaça de perder a autonomia na gestão universitária por omissão cúmplice, no mínimo, e covardia absoluta, no máximo, do atual Reitorado.

O digno professor Rômulo Polari precisa se expor por inteiro sobre esta e outras questões.

Opções de mercado e indagações

Se ao atual Reitorado interessa mesmo a privatização de seus veículos de comunicação (TV e Rádio), ainda não consumados, é de se indagar algumas questões fundamentais:

– por que a UFPB ignora os investimentos do Governo Federal para administrar seus veículos de comunicação?

– na hipótese de privatização, por que não admitiu que outros grupos pudessem participar?

– será que procede mesmo a informação do diretor do CCHLA, de que o reitor está acordado com o Sistema Correio, de lhe dar espaços permanentes em troca de apoio à sua reeleição?

– enfim, porque o reitor se omite e não assume o debate público sobre o assunto?

Palavras dos interessados

A partir de agora, não há outra forma senão aguardar a reação das comunidades representadas pela ADUF, DCE e SINBTESP.

Será que elas concordam com o encaminhamento do DECOM?

Pelo menos alguns Centros e entidades já se manifestam de outra forma para preservar conquistas antigas da UFPB.

Vamos acompanhar e expor mais o assunto com todo respeito aos interesses legítimos de todos os envolvidos.

Última

“Tô vendo tudo/ to vendo tudo/
Mas bico calado/ faz de conta que sou mudo..”