Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

Transposição divide até seguidores de Jesus


16/07/2007

Foto: autor desconhecido.

As últimas declarações expostas ao mundo pelo arcebispo Dom Aldo Pagotto em plena militância cristã e o eterno evangelizador Dom José Maria Pires com visível tom de fratura exposta na Igreja, em termos de conceitos sobre o projeto de Transposição de água do Rio São Francisco, mostra sem dificuldades que até os seguidores de Deus andam desconformes.

E isso nos preocupa muito. Deus nos livre da manutenção desse mau exemplo de bem querer cristão.

Mas, dentro de uma ótica mais humana mesmo, tentemos entender as falas dos nossos mestres. Dom José diz que o rio está enfermo e só depois de curado pode permitir-se a uso de suas águas para os estados necessitados do mesmo bem, enquanto Dom Aldo reproduz a necessidade urgente de se criar mecanismos capazes de salvar 6 milhões de vidas, isto é, nordestinos ávidos por água de beber somente possível com o uso da vazão de poucos milímetros advindos do São Francisco.

Há que ser dito, antes de mais nada, que a preocupação dos dois lideres religiosos precisa ser tratada como advertência séria, embora nem entre no âmago do significado de cada um deles, que fazem sua parte, ora convergente, ora em sério conflito inexplicável.

Aliás, é impossível imaginar-se que haja tanto investimento em torno do projeto, se não for para resolver prioritariamente a própria vida do rio em primeiro lugar, mesmo sem perder de vista que a degradação ao longo da história é fruto não dos 6 milhões, hoje nos estados chamados de futuros receptores ( PE, PB, RN e CE), e sim dos atuais doadores (BA, SE e AL).

Tudo bem que, como argumento lógico, não vale em nome do interesse localizado tirar de pauta a indispensável necessidade de, primeiramente, buscar revitalizar o rio sem o qual não vale gerar riscos de morte ao Velho Chico. Todos, de bom senso crêem e defendem isso.

Só que há no curso desse debate diversas meias verdades podendo atrair até mesmo pessoas do bem impressionadamente muito mais comprometidas com os argumentos dos exploradores do rio, do que sensibilizarem-se pela necessidade de acesso humano por quem há tempo espera a chance de não morrer de sede.

O fato é que o projeto é mal defendido e mal explicado pelo Governo Federal, até porque inexiste transposição de água e sim o aproveitamento de vazão d’água sem perspectiva de afetar o rio em si, desde que tomando-se as precauções preliminares, que estão sendo tomadas.

Ainda mais, as sociedades dos estados receptores ainda não caíram na real e tratam o assunto como briga política por isso se omitem, diferentemente dos que estão nos estados emissores – estes articulados e unindo até inimigos em torno de uma propriedade que divide o Nordeste e os filhos de Deus.

Pelo sim, pelo não – como costumam dizer os filósofos do bairro da Torre, está na hora de se construir convergência em torno de uma formula aplicável de efetivar o aproveitamento da água, condição essa que passa pela revitalização e pela tal transposição.

Não tem outro jeito, sabem os leigos, os doutores e todos filhos de Deus.

A verdade de Marcondes

O deputado federal Marcondes Gadelha, um dos parlamentares mais comprometidos com o projeto da transposição, costuma repetir uma lógica das mais inteligentes.

Diz ele que, se fossem 6 milhões de jacarés ameaçados de morte pela falta de água, todo o Mundo se engajaria numa luta comum pela transposição.

Mas, como é gente e gente que há séculos vive esse drama, isso não sensibiliza nossas elites.

O troco pró Cássio

O Portal WSCOM Online trouxe no domingo uma matéria com advogados ligados ao governador Cássio acusando a Oposição hoje no PMDB de adotar a mesma tática de 2002, ao veicular na Revista IstoÉ desta semana “matéria acusando Cássio para tentar impressionar e interferir nos votos dos juizes do Tribunal Eleitoral”.

“Usaram a mesma tática de Magero, em 2002, que ao final provou que o doleiro foi usado por eles, tanto que desmentiu as acusações”.

Última

“Traga-me um copo d água/ tenho sede/
E esta sede pode me matar…”


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