Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Política

Sou da esquerda democrática


21/02/2024

Ontem recebi no whatsap a seguinte mensagem de um militante da extrema direita: você defende a democracia porque é esquerdista. Percebe-se, logo, que se trata de alguém com déficit de inteligência e pouco conhecimento da política e da história nacional. No entendimento dele, essa seria uma forma de me agredir verbalmente. Enganou-se. Recebi a pretensa ofensa como uma revelação positiva de uma verdade da qual me orgulho muito.

A minha consciência crítica se alinha ao perfil ideológico de esquerda porque compreendo que ao Estado cabe agir como provedor de políticas públicas que reduzam as desigualdades sociais. Sou da esquerda democrática. Não a esquerda que se afirma totalitária, ditatorial, que atua em algumas nações, abraçando a causa da permanência no poder. Defendo e luto pelas conquistas sócio-econômicas de nosso povo, garantindo ao cidadão o direito de se opor e resistir à opressão e às práticas de governos que ameaçam o Estado Democrático de Direito. Entendendo a justiça social como sinônimo de igualdade. Sou contra a exploração dos mais frágeis pelos que se sentem poderosos.

Anseio por contribuir na construção de um mundo mais justo e humano, em particular no país em que vivo. Sem desprezar a importância da convivência dos contrários, mas também sem ignorar o conceito de coletividade. Reagindo contrariamente, tanto quanto possível, ao comportamento dos que procuram estabelecer um permanente estado de guerra entre iguais. Brigo pelo cumprimento do que define o Art. 5 da nossa Constituição: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Deve ser essa a razão pela qual fui taxado acertadamente de esquerda.

Condeno o individualismo delinquente praticado por aqueles que só pensam em si mesmos, em detrimento do bem comum. É preocupante quando vemos o “ter mais” vencendo o “ser mais”, fazendo prevalecer a indiferença pelos outros, pelas instituições e pelas normas, com falta de empatia e de solidariedade diante das crises sociais e econômicas.

Tenho afinidades ideológicas com a esquerda identificada com a modernidade, considerando a democracia como um valor universal, onde prevaleça sempre a vontade da maioria, mas respeitando as minorias e a livre manifestação de pensamento, fiadora dos princípios do Estado de Direito. Nelson Werneck Sodré, em seu livro “Quem é o Povo no Brasil?”, editado em 1962, escreveu: “O avultamento do problema democrático deriva do fato de que a manutenção das liberdades democráticas permite o esclarecimento do político, e o esclarecimento político permite a tomada de consciência pelo povo, e a tomada de consciência pelo povo permite a execução das tarefas progressistas que a fase histórica exige”. Por isso decidi atuar no campo progressista.

Jamais abdicarei da liberdade de registrar nos textos que publico diariamente, as minhas opiniões e o meu modo de pensar sobre os mais diversos assuntos da vida cotidiana do meu país. Faço isso como provocação, no bom sentido. Objetivando despertar debates, nunca discussões estéreis. Ninguém é obrigado a concordar com o que escrevo e não me constrange receber críticas ou manifestações contrárias, desde que se façam com respeito mútuo às circunstanciais divergências.


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