Tom Jobim e Aloysio de Oliveira compuseram “Só tinha de ser com você”, que fez muito sucesso na interpretação magistral de Elis Regina. O “eu lírico” da canção parece ser uma jovem que fala para o seu amado que se guardou o tempo todo para ele, na oferta de sua virgindade em nome do amor.

“Ah só eu sei/quanto amor eu guardei/sem saber que era só pra você”. Só ela sabe o quanto fugiu das tentações carnais e das investidas das seduções, para se preservar invicta, mesmo sem saber que era só para ele. Algo sobrenatural conduzia ela a esse comportamento, como se fosse coisa do destino.

“É, só tinha de ser com você/havia de ser pra você/senão era mais uma dor/senão não seria o amor/aquele que a gente não vê/o amor que chegou para dar/o que niguém deu pra você”. A declaração apaixonada de uma mulher ao homem que escolheu para ser o amor da sua vida. Parece que estava escrito nas estrelas, não poderia ser com outro. Do contrário teria sido uma experiência infeliz, porque não existiria amor. E define que se sente realizada na sua decisão, porque tem a convicção de que ninguém lhe daria tanto amor quanto ela.

“É, você que é feito de azul/me deixa morar nesse azul/me deixa encontrar minha paz/você que é bonito demais”. O azul é uma cor que transmite paz, tranqüilidade, por isso ela o vê assim e propõe se incorporar à sua vida, quer morar no seu interior para definitivamente encontrar a felicidade. No encantamento dessa paixão, revela o quanto vê beleza na sua pessoa, não só no aspecto físico, mas espiritualmente também, e aí está o seu fascínio.

“Se ao menos pudesse saber/que eu sempre fui só de você/você sempre foi só de mim”. Quer fazê-lo se convencer de que ela sempre foi exclusivamente dele. E mesmo em situações diferentes, tem a certeza de que o caminho dele estava determinado a ser ao lado dela.

• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.