Cultura

SIVUCA – Agora eu era o herói


29/02/2020

(Foto: Oriel Farias)

Conheci SIVUCA no final dos anos 70, para início de 80. Era a época do Projeto Pixinguinha, que percorria todo o Brasil, e eu representava a gravadora EMI Odeon, para o serviço de promoção de artistas em rádio, jornais, televisão. Ainda não havia fax, celular, internet…

Muita gente falava em Sivuca, e por onde passávamos era uma festa. Lembro, de ter ido ao lado dele, e também da cantora Joyce, e outros, visitar rádios como a Tabajara, a Campina Grande FM, do finado Hilton Mota, seu amigo, as rádios Caturité e Borborema, para entrevistas, e outras. Depois nos reencontramos em outros trabalhos em Recife, um show coletivo da Rede Globo, no ginásio Geraldão, com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Oswaldinho e outros grandes nomes do xote, baião e forró. E também com a cantora Clara Nunes, que trabalhei divulgando e estourou no rádio com a sua composição `Feira de Mangaio´, talvez a mais conhecida do grande público.

Sivuca era já famoso, vinha de gerações anteriores a minha, e tinha um invejável currículo por ser conhecido em todo o mundo. Viajou por diversos países mostrando a sua música, tocou com nomes importantes do cenário internacional, e havia retornado ao Brasil. Era um músico de talento universal. Tanto só, ou acompanhado por banda, ou tocando com Orquestras, era de tamanho encanto. Mas, o que mesmo mais me encantou nele, foi a sua figura simples, de alpercatas de couro, de um trato leve, cordial, direto, sem frescuras, sem cerimônias. Um cara humano, ao mesmo tempo genial. Andando pela rua, de forma simples, entrando nos lugares, bares, restaurantes, rádios, tratando as pessoas com uma humildade indizível. Ao seu lado, a companheira de sempre, a cantora e compositora Glória Gadelha. E por ser albino, de cabelos e barba ruivos, também conhecido por Cabelo de Milho, enxergava com os olhos apertados, por trás de um forte óculos de grau.

Se fosse recomeçar o texto, daria uma pausa, como dei agora, para buscar maiores informações e complementares, a respeito de Sivuca, na enciclopédia Wikipédia que diz:

“Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca (paraibano de Itabaiana, nasceu em 26 de maio de 1930 — e morreu em João Pessoa, em 14 de dezembro de 2006), foi um multi instrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor brasileiro. Suas composições e trabalhos incluem, dentre outros ritmos, choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica, blues, entre muitos outros. Então, um resumo bem mais completo sobre o artista.

Sua biografia na Wikipédia continua: Ganhou uma sanfona de presente do pai em 13 de junho de 1939, em um dia de Santo Antônio, quando tinha nove anos. Aos quinze anos, ingressou na Rádio Clube de Pernambuco, no Recife. E em 1948, fez parte do cast da Rádio Jornal do Comercio.

Em 1951, gravou o primeiro disco em 78 rotações, pela Continental, com “Carioquinha do Flamengo” (Waldir Azevedo, Bonfiglio de Oliveira) e “Tico-Tico no Fubá” (Zequinha de Abreu). Nesse mesmo ano, lançou o primeiro sucesso nacional, em parceria com Humberto Teixeira, “Adeus, Maria Fulô” (que foi regravado numa versão psicodélica pelos Mutantes, nos anos 60).

A partir de 1955, foi morar no Rio de Janeiro. Após apresentações na Europa como acordeonista de um grupo chamado Os Brasileiros, chegou a morar em Lisboa e Paris, a partir de 1959. Foi considerado o melhor instrumentista de 1962 pela imprensa parisiense. Gravou o disco “Samba Nouvelle Vague” (Barclay), com vários sucessos de bossa-nova.

Morou em Nova Iorque de 1964 a 1976, onde, entre outros trabalhos, foi autor do arranjo do grande sucesso “Pata Pata”, de Miriam Makeba, com quem então viajou pelo mundo até o fim da década de 60. Em 1971, Harry Belafonte o convidou para arranjar e tocar no especial dele e de Julie Andrews, na TV NBC, na cidade de Los Angeles. Fez uso de violão e sanfona, arranjou para orquestra de cordas, a quatro mãos, com o compositor e arranjador Nelson Riddle, inclusive o arranjo de uma canção escrita para Julie Andrews homenagear Vincent van Gogh.

Compôs trilhas para os filmes Os Trapalhões na Serra Pelada (1982) e Os Vagabundos Trapalhões (1982). Um dos discos mais emblemáticos da carreira do artista é o Sivuca Sinfônico (Biscoito Fino, 2006), em que ele toca ao lado da Orquestra Sinfônica do Recife sete arranjos orquestrais de sua autoria, um registro inédito e completo de sua obra erudita.
Em 2006 o músico lançou o DVD Sivuca – O Poeta do Som, que contou com a participação de 160 músicos convidados. Foram gravadas 13 faixas, além de duas reproduzidas em parceria com a Orquestra Sinfônica da Paraíba”.

Hoje, 28 de fevereiro, abrimos o jornal A União, que trás excelente notícia: João Azevêdo anuncia criação do Memorial Mestre Sivuca. A ação é uma parceria do Governo do Estado com a Universidade Federal da Paraíba. E há, ainda, outra ação, envolvendo a cidade natal, Itabaiana, onde se pretende construir espaço em memória do Mestre Sivuca. Mais adiante, o Governador afirma: Quando nós podemos reconhecer o trabalho de um artista, reconhecer o trabalho de um homem que divulgou a nossa música, o nosso Estado, a nossa terra para o mundo todo, isso demonstra o respeito de uma geração por quem já passou. E é assim, se nós não preservarmos a nossa história, nós não saberemos contar a nossa história.

O que no Ano Cultural Sivuca ainda deixa em falta é o rádio lembrar-se de tocar as músicas daquele querido Mestre; e o que a Wikipedia se esquece de destacar, é um dos grandes sucessos de Sivuca, em parceria com Chico Buarque, a linda canção João e Maria, que deixamos a seguir, o link para quem desejar curtir:

AGORA EU ERA O HERÓI….


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