Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Política

Sem pompa e com circunstância


07/05/2023

Foto tirada em 10 de maio de 2022, mostra o então príncipe Charles lendo o discurso da rainha sentado ao lado da Coroa do Estado Imperial, de Camilla, então duquesa da Cornualha e o príncipe William, duque de Cambridge, durante a Abertura do Parlamento, em Londres (Foto: Arthur Edwards/AFP)

O título faz uma referência às marchas compostas pelo inglês Edward Elgar, que por sua vez batizou a sua obra inspirado no terceiro ato de Otelo, cujo autor é também inglês, o bardo Shakespeare.

A música era uma das preferidas do radialista Otinaldo Lourenço, que foi o monarquista mais convicto que conheci. Estivesse vivo, não perderia a transmissão do evento, ou quem sabe, até se fizesse presente ao ato que aconteceu pela última vez no ano santo de 1953, há exatos setenta anos.

Longeva e extremamente popular, a rainha Elizabeth fez valer a máxima que as mulheres sempre foram grandes protagonistas de uma monarquia relevante para os destinos da humanidade.

E, por várias circunstâncias, se cercou de pessoas que foram determinantes para os avanços sociais e culturais que aconteceram em sua maioria, na segunda metade do século XX.

Não tínhamos um Elgar, que nem tinha lá esse talento todo, mas tínhamos um Lennon e um McCartney, os Beatles e os Rolling Stones, tínhamos Bertrand Russell e Orwell na filosofia e na literatura, e a juventude derrubando muros e limites.

E isso depois de uma guerra mundial onde a Inglaterra fez a diferença, sob o comando de uma mulher pequena que se tornou grande para a sua gente.

Tudo isso me vem em mente ao assistir a coroação do rei Charles III, que assumiu o trono sem muita pompa e com pouquíssima aprovação dos seus súditos.

Até poderia ter renunciado em favor do filho, mas não o fez, e se você for atrás da história, vai descobrir que nada disso importa, porque o reinado e tão somente a capricho de um povo que através dos tempos soube ser vilão e herói. E que tem a seu favor o fato de que o rei não manda e o pais se reveza entre conservadores e trabalhistas escolhidos pela vontade popular.

Curioso é que muitos do que protestaram contra a coroação nas ruas de Londres, evocaram a figura de Pelé como um rei legítimo. No mínimo uma falácia em nosso país onde um negro não consegue nem mesmo ser o rei do carnaval.

Por lá, um país anglo-saxão, isso já não vem ao caso, porque sua capital abriga a maior mistura de raças do planeta. Pude constatar isso quando por lá estive numa primavera mais fria, feliz de estar pisando pela primeira vez a terra de Sherlock Holmes e James Bond.

Que seja bem-vindo, portanto, o novo rei, porque a tolerância é uma boa virtude para cultivar.

E até mesmo porque também temos os nossos reis, e as nossas princesas que são as mais belas do mundo.

God save the king.


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