Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Recuperação econômica à vista?


03/06/2016

Foto: autor desconhecido.

A economia brasileira começa a apresentar sinais de recuperação, em função das forças oriundas da dimensão e complexidade de suas atividades produtivas. Já era tempo, após dois anos de recessão, em queda quase livre, sem a atuação do governo no que lhe competia fazer de ajustes econômicos, fiscais, monetários e financeiros.

Mesmo no difícil período do segundo governo Dilma, a economia nacional reagiu ao cenário interno fortemente adverso. Dados recentes do IBGE demonstram o comportamento decrescente da severa recessão. Os índices de confiança dos setores econômicos, janeiro-maio/2016, sugerem que a hora da virada pode estar próxima.

A evolução trimestral do PIB do país, em 2015, foi de -0,8%, -2,1%, -1,7% e -1,3%. No primeiro trimestre de 2016 o PIB caiu -0,3%, e não os -0,8% previstos pelos mercados e agências econômicas. A queda dos investimentos jan-mar/2016, -2,7%, ficou muito abaixo da média trimestral de -5% do ano anterior e das previsões.

As sondagens econômicas da Fundação Getúlio Vargas revelam mudanças positivas na confiança. Os resultados captados confirmam redução do pessimismo e melhoria das expectativas. De janeiro a maio de 2016, o Índice de Confiança do Consumidor avançou de 64,9 para 67,9, acompanhando outros indicadores relevantes.

O Índice de Confiança da Indústria, jan-maio/2016, passou de 75,5 para 79,2, apresentado o maior incremento após o seu mais baixo nível de 74,5, em agosto de 2015. Nesse mesmo período, o Índice de Confiança do Comércio foi crescente, de 65,0 para 70,9, e o Índice de Confiança de Serviços de 67,9 para 70,9.

O Congresso Nacional passou a ser a favor das ações do governo pró-ajustes fiscal e econômico. Isso ajuda na retomada do crescimento do PIB. Nesse cenário, pode emergir um movimento sinérgico elevando a confiança dos empresários e famílias, os investimentos e consumo privados e as despesas governamentais não deficitárias.

A economia brasileira deixou de ser afetada pela danosa instabilidade política típica do governo Dilma. O governo provisório é fruto de um acordão que lhe dá ampla base de apoio no Congresso. Isso faz parte de uma luta pela conquista pretensamente duradoura do poder, da qual Michel Temer é o ator mais importante.

O governo não eleito sabe os limites de suas possibilidades. A sua solidez política pode se desmanchar no ar. Cabe-lhe cuidar da recuperação em curso, com ações de curto prazo que viabilizem o crescimento da economia e do emprego. É imprescindível reduzir os níveis dos juros, inflação e deficit fiscal. Só assim haverá governabilidade.

Para um governo de, no máximo, 2,5 anos, é um grave erro querer concluir as reformas fiscal, trabalhista e previdenciária. Isso envolve altos interesses políticos, econômicos, regionais e de classes e requer mais tempo. A tensão sociopolítica decorrente pode gerar muita instabilidade e inviabilizar tais reformas, a recuperação vindoura e o próprio governo Temer.


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
// //