Como é bom a gente buscar na memória lembranças de acontecimentos que construiram nossa história de vida. Para os que estão na mesma faixa etária é um exercício de recordações interessantes. Além da saudade sentida por momentos felizes vividos, procuramos fazer comparações com os tempos atuais. E percebemos que o mundo mudou junto conosco. Se contemporâneos, fica muito mais fácil a compreensão de fatos e circunstâncias do passado.

Entretanto, se o fazemos em narrativa para alguém que faz parte das novas gerações, haverá uma dificuldade enorme para entender bem o que falamos, porque a modernidade fez desaparecer muita coisa que se utilizava no passado e modificou costumes e conceitos. Nossos filhos e netos ouvirão de nós palavras que não representam nada para eles, uma vez que desapareceram com o tempo.

Iniciarei a partir de hoje uma série de crônicas que permitirão aos que vivenciaram o meu tempo, sentirem a gostosa sensação de relembrarem fatos pretéritos dos quais foram protagonistas. Os leitores que se identificarem com os eventos evocados, se imaginarão voltando ao passado, saboreando o prazer das reminiscências que talvez estivessem escondidas na memória.

No entanto o propósito não é exclusivamente provocar recordações, mas, fazer da nossa experiência do passado, uma forma de transmitir informações inteiramente desconhecidas para os que vivem um tempo tão diferente. O processo evolutivo do ser humano termina por deixa-lo sem a capacidade de entendimento de como se efetivaram acontecimentos de épocas pretéritas. Mas é importante vincular a realidade do passado às características do momento atual. Tudo o que fazemos no presente tem um sentido de continuidade histórica. E se ignoramos como nossos antepassados viveram, estamos fadados ao reconhecimento da nossa cegueira cultural. Ninguém pode se considerar sábio, sem conhecer suas origens.

Esse projeto literário não tem a pretensão de se afirmar algo que possa ser chamado de autobiografia. Na verdade estarei me aproveitando da memória para continuarmos refletindo sobre a vida, a partir do conhecimento e das recordações resgatadas dos tempos que se foram na nossa existência.