Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Reação à queda livre da economia


15/01/2016

Foto: autor desconhecido.

Após a estagnação de 2014 e a queda de quase 4% do PIB em 2015, o Brasil começou 2016 sob o estigma de previsões calamitosas: recessão de 3%, desemprego de 10%, inflação de 7%, taxa básica de juro de 15% e cortes de benefícios aos mais pobres. O governo e a iniciativa privada têm que reagir a essa caminhada para o caos.

A presidente Dilma Rousseff deve falar à Nação, com urgência, apresentando um plano convincente de recuperação econômica. Esse plano deve ter ações e estratégias com soluções emergenciais e de curto prazo integradas a um conjunto de mais amplo de medidas de maior alcance temporal.

O mercado financeiro exige um tratamento de choque com geração de alto superavit fiscal e elevação das taxas de juro. Os custos sociais seriam terríveis. O PT e os partidos e movimentos sociais aliados querem mais despesas do governo para reativar a economia. Essa mesmice explodiria as finanças públicas e a inflação.

O deficit público nominal do Brasil, que ficou perto de 10% do PIB em 2015, tornou-se um grande problema. A causa maior foi a conta de juros, que passou a ser de 8,2% do PIB. Para atenuar a situação, deve haver um superavit primário de 1% do PIB, com base na criação temporária de tributos, extinção de desonerações fiscais e recuperação econômica.

Os investimentos públicos em infraestrutura e habitação podem ter um papel econômico relevante. O governo deve discutir com as classes empresariais, trabalhadoras e organizações sociais uma agenda 2016-2018 com aumento desses investimentos da ordem de 2% do PIB em cada ano. Isso reativaria a economia com ganhos de produtividade, sem pressões inflacionárias.

Esses investimentos seriam financiados pelo aumento vinculado da dívida pública. A plena eficácia da proposta requer a queda da taxa de juro selic para 9%, o que reduziria em três pontos percentuais o deficit público e estimularia os investimentos e consumo privados fortalecendo o crescimento econômico.

A resposta positiva e rápida do setor produtivo a essa ação fomentadora é possível, pois há capacidade ociosa, principalmente na indústria, em função da forte retração dos últimos três anos. Essa expansão teria fôlego curto, mas seria essencial para a saída imediata da recessão e criação de uma base de transição razoável.

No decorrer de 2016, as condições do crescimento econômico com estabilidade fiscal-monetária de longo e médio prazo seriam discutidas com a sociedade e planejadas operacionalmente. Os focos estratégicos seriam a modernização infraestrutural, a reindustrialização, o aumento da produtividade e as reformas tributária e da previdência.

A presidente Dilma tem que agir logo e demonstrar que tem proposta racional consistente para o soerguimento da economia nacional. Esse é também o caminho profícuo à viabilização política do seu mandato, e não o da mera distribuição de ministérios e cargos. É preciso entender que o país não suporta o malogro econômico-financeiro previsto para 2016, e o seu governo muito menos.
 


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