Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Economia & Negócios

Perspectivas 2021: a Paraíba no rumo certo


09/02/2021

O antigo Colégio Nossa Senhora das Neves, onde será implantado o Parque Tecnológico "Horizontes de Inovação", em João Pessoa

A Paraíba parece disposta a ter uma economia baseada no setor produtivo, na iniciativa privada e não ser tão dependente do setor público. Nesse sentido, desde 2019, o governo do estado vem tendo um papel essencial como protagonista de ações relevantes na reestruturação produtiva e no aproveitamento das oportunidades econômicas locais.

O mundo entrou em 2021 com previsão de forte recuperação da crise econômica da pandemia COVID-19. O seu PIB deve crescer 5% e o do Brasil 3%, por falta de um projeto de desenvolvimento capaz de superar seus entraves recessivos, desde 2015. Por isso, o Nordeste também não terá a recuperação que podia ser.

O período 2015/18 foi muito adverso. O PIB do Brasil decresceu 4,2%, o do Nordeste 4,8%, e o do Paraíba 5%. Foram anos de pouco apoio do governo federal. A economia paraibana perdeu essa força propulsora sem ser compensada pelo setor privado. Nos anos 2019/20, sob efeitos da pandemia, esses PIBs caíram cerca de 3,3%, 5,5% e 3,5%.

O atual governo da Paraíba avança na busca da superação da antiga debilidade da estrutura produtiva estadual na região: pequeno peso da Agropecuária (4%) e Indústria (17%) e alto peso (34%) do setor público na geração do PIB. Daí o acerto na ênfase      ao setor privado no aproveitamento do potencial econômico e em novas atividades.

As ações priorizadas pelo governo do estado são em áreas potentes: turístico-hoteleira; diversificação e modernização industrial; energias renováveis (eólica e solar) e atividades inovadoras. Está havendo uma boa participação de empresas privadas atraídas pela força da viabilidade econômica dessa reestruturação produtiva paraibana.

Os novos negócios empresariais na Paraíba assumiram níveis históricos muito significativos. O Pólo Turístico do Cabo Branco finalmente saiu do papel. De 2021 a 2022 estarão sendo ali implantados seis grandes empreendimentos no total de R$ 1,0 bilhão. João Pessoa nunca recebeu investimento privado de tão grande porte nesse setor.

Nas energias renováveis, desde o início 2020 estão se instalando na Paraíba imensos novos parques e usinas, a serem concluídos até 2022. Ao todo serão 1.935 MW (aumento de 668% da capacidade total de 2019) e R$ 6,3 bilhões investidos. Na indústria, no triênio 2000/22, sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba, novas importantes empresas grandes e médias realizarão altos investimentos.

Esses empreendimentos privados na Paraíba, da ordem de R$ 8 bilhões, terão fortes impactos. Mesmo que apenas 40% deles entrem em atividade até 2022 incrementarão o PIB/PB em 8%, sobre o de 2018, que foi de R$ 64 bilhões. Mas haverá, também, os investimentos privados normais e os públicos que, mesmo em baixa, continuarão. É provável, portanto, que a economia paraibana cresça em alto ritmo, no biênio 2021/22.

O governo João Azevedo está no rumo certo de um bom projeto de desenvolvimento da Paraíba, que deve ter os seguintes pilares: reestruturação do setor produtivo; universalização da educação básica de qualidade; saúde como fundamento da qualidade de vida; geração e difusão de tecnologia para solução de problemas paraibanos; complementação e modernização da infraestrutura e interiorização do desenvolvimento.

A Paraíba tem excelente capacidade em capital humano para atrair investimentos. A criação pelo governo do estado de um Parque Tecnológico em J. Pessoa é importante. Mas deve-se criar um diversificado sistema de tecnologia para o desenvolvimento estadual integrando as universidades e órgãos de pesquisas e do setor produtivo.


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