Geral
Paraiba: o ‘debate’ que atrasa
08/05/2007
Recife – A sociedade paraibana acordou nesta terça-feira com um novo capítulo de pouca civilidade entre as duas maiores lideranças políticas quando, antes de entrar no mérito da questão provocadora, a manifestação resultante de um pedido de audiência do governador Cássio Cunha Lima ao senador José Maranhão, presidente da Comissão de Orçamento do Congresso Nacional, é de impossibilidade de trato básico entre eles, mesmo sobre interesses do Estado.
Contextualizemos para entendimento comum: ontem, por meio da Casa Civil, o governador Cássio formalizou pedido de audiência ao senador José Maranhão na condição dele ser presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.
Na pauta, segundo o pedido, está a busca de trato na Comissão de ampliação dos recursos e obras para o Estado, uma vez que o governador insiste em atestar que a Paraíba está pouco contemplada no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) projetado pelo Governo Federal.
Ontem à noite mesmo, em conversa com o jornalista Hélder Moura, o senador antecipou que, em síntese, em cinco anos de mandato somente agora está sendo procurado e, ainda, insinuou que a iniciativa do governador era fruto de acossamento advindo dos processos judiciais no Tribunal Regional Eleitoral.
Hoje, terça-feira, pela manhã, o governador veio com a tréplica: disse que não vai polemizar com o senador sobre a temática jurídica, mas insistiu em pedir audiência porque está decidido a tratar das grandes reivindicações do Estado com o parlamentar, exclusivamente por sua condição de presidente da mais cobiçada comissão mista do Congresso Nacional.
Em síntese, foi o governador formalizar o pedido de audiência para se evidenciar um visível desinteresse de diálogo do senador por vários motivos, entre os quais, a onda que se abateu sobre ele e aliados em difundir aos quatro cantos que Cássio vai perder o mandato.
Aliás, impressiona como faz tempo muita gente próxima do senador nutre essa tese com alguns até não tendo mais dúvida sobre o veredicto, sem se importar sobre outras questões e nuances que envolve esse cenário jurídico.
O fato é que, ultimamente, não tem jeito: a Paraíba não consegue produzir passos qualitativos no debate sereno em favor de nós próprios porque a vindita política é maior, superior em muitas léguas, ao bom senso coletivo.
Ora, quando age sem admitir diálogo e insiste na presunção de ver cassado o mandato do governador, até nesse aspecto o senador não imagina que joga contra sua própria tese e interesse porque se tem segurança da cassação, ora, melhor seria se somar a Cássio no aumento do volume de recursos e obras, pois seria ele próprio o maior beneficiado. Isso, evidente, levando em conta a tese/sonho do grupo de Maranhão perfeitamente questionável pelo grupo de Cássio.
Mas, sabem todos, inclusive o senador, que nem sempre as coisas acontecem como queremos inclusive no âmbito judicial, posto não ser tão fácil imaginar a deposição de um governante, mesmo havendo vários casos no curso de nossa realidade pública, portanto, mais importante do que o embate jurídico neste momento seria a disposição mínima de dialogo real e sincero em nome dos interesses da Paraíba.
Afora tudo, não esqueçamos a onda em contrário à tese maranhista defendida pelos advogados do governador insistindo no contraditório de que Cássio se manterá no poder até o fim do mandato, até levando em conta idêntica realidade vivida por Maranhão quando governador, pois estava bombardeado de processos pedindo sua inelegibilidade, mas nada aconteceu.
O fato é que, bastou o governador formular um aceno formal para explodir uma série de reações, certamente a atrasar em muito e cada vez mais os combalidos sonhos dos paraibanos de ter conquistas coletivas mínima.
Parece que a caveira de burro se instalou no sentimento das elites e já não somos capazes, sequer de conviver civilizadamente na defesa dos interesses coletivos. Ainda há quem diga que isso é estar ao lado do povo!
Paciência! Desse jeito a Paraíba está fadada a mais tempo de dificuldades até um dia acabar essa pendenga menor, infrutífera e contra os paraibanos.
Por isso, volta e meia, me vejo repetindo a canção recente: Quem é que vai pagar por isso.
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