Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Brasil

Os supremacistas brancos no Brasil


10/01/2021

O historiador, produtor cultural e advogado Rui Leitão

O mundo vem sofrendo reiteradas ameaças terroristas de supremacistas brancos. É um movimento racista que tem se manifestado com maior intensidade nos Estados Unidos. São anarquistas por natureza. Lá eles ganharam força atualmente em razão do apoio explícito que recebem do maluco que alcançou o cargo de presidente daquele país. Esse grupo da direita conservadora protagonizou nesta semana um degradante espetáculo de atentado à democracia ao invadir com manifestações de violência o Congresso Nacional norte-americano.

A organização racista e antisemita que assim é conhecida, verbaliza um discurso ideológico de ódio que estimula a prática da agressão por parte dos seus seguidores. Essa corrente política ganhou adesão no Brasil após a posse do atual presidente da república. Algo que se revela uma estúpida concepção, considerando que somos uma nação com forte miscigenação racial. Ainda que não sejamos um país geneticamente branco, é evidente o sentimento racista que caracteriza considerável parcela do nosso povo, mesmo que muitos não admitam essa condição. Isso facilita a propagação de suas ideias extremistas, que não se restringem ao preconceito racial, mas se alastram na admissão de conceitos da ultradireita em todas as suas ações político-ideológicas.

A sociedade corporativista que insiste em negar as diferenças, abraça ideias que se assemelham ao fascismo. Adota uma retórica que despreza a ciência e o racionalismo, tentando passar a impressão de que se fundamentam num sentimento patriótico. Um falso nacionalismo. A noção de superioridade racial branca, embora não defendida de forma explícita, está internalizada no comportamento nacional. É comum se falar de superioridade, considerando o aspecto racial.

Se historicamente nunca vivemos uma democracia racial, na contemporaneidade isso está ficando mais difícil de se efetivar. Até porque os exemplos que vêm de cima, ajudam o preconceito e a discriminação racial. Basta lembrar do que falou o chefe da nação, ainda em campanha eleitoral, num bate-papo com a cantora Preta Gil: “meus filhos tiveram boa educação jamais se casariam com uma negra”. Nos acostumamos ao entendimento de que só os negros têm identidade racial, os brancos não.

Importamos o que há de pior na cultura e política estadunidense. Estamos assistindo autoridades, sem qualquer constrangimento, relativizando a escravidão no Brasil. Nos recusamos a olhar criticamente para nós mesmos, enquanto nação que propaga ideais racistas. Ficamos, então, praticando um racismo covarde e dissimulado. Porém, há um grupo que está “saindo do armário”, inspirado no que acontece nos Estados Unidos, e já não esconde o seu caráter racista.


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