Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Os Médicos Continuam sendo Sacerdotes


18/10/2011

Foto: autor desconhecido.

O exercício de uma missão com dedicação e colocando sua atuação profissional acima até de suas necessidades pessoais, semanticamente significa dizer que a causa abraçada é um sacerdócio. Requer sacrifícios, desprendimento, desafios, paciência, solidariedade, perseverança, abnegação e amor ao que faz. Exige referência de dignidade, respeito, confiança e idoneidade, para que possa transmitir aos que recebem a atenção de seus préstimos profissionais a segurança, a tranqüilidade e a certeza de que está entregue em boas mãos.

Esse intróito vem a propósito da comemoração nesta semana do dia do médico, a quem presto minhas homenagens neste texto.

O médico é, sem dúvida alguma, a atividade profissional mais identificada com o que chamamos de sacerdócio. E essa compreensão não é de hoje. Os primeiros médicos da história da humanidade foram sacerdotes, nas diversas culturas da antiguidade, porque suas ações voltadas para a arte da cura se confundiam com procedimentos inspirados pelos deuses. Eram como se fossem dotados de poderes divinos,

Ainda hoje o médico é visto por todos como alguém que preserva vidas, evita mortes, cura doenças, cuida da saúde, ações que, em plano maior são exclusivas de Deus. Por isso continuamos acreditando que pelas mãos dos médicos Deus opera milagres e sara os males físicos da humanidade.

Mesmo quando conhecida a medicina hipocrática que a definia como exclusivamente científica, separada da religião e do apelo ao sobrenatural, difícil dissociar do inconsciente coletivo a crença de que Deus se faz presente no ato médico. De qualquer forma não procuro aqui contestar os conceitos filosóficos de Hipócrates baseados na Filosofia Socrática do Homem, quando desmistifica o profissional de hoje dessa visão antiga do médico-sacerdote. Mas não tem como negar que a função médica é essencialmente humana na sua aplicação, por conseguinte amparada em valores éticos e morais, ainda que estritamente técnica.

O mundo capitalista pode até ter mercantilizado essa atividade profissional, mas ao paciente o seu médico será sempre visto como alguém a quem Deus confiou a missão de lhe curar ou minimizar seus sofrimentos e dores físicas. Mesmo que o próprio médico, por formação, não acredite nisso.

 

 


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