Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Os indocumentados nos EUA


15/06/2025

Temos acompanhado pelo noticiário que as ruas das principais cidades dos Estados Unidos viraram uma praça de guerra. O governo Trump vem praticando uma política anti-imigração baseada na violência. Tropas militares, incluindo a Guarda Nacional, estão sendo mobilizadas para apoiar operações de deportação. E isso contraria uma lei nacional que restringe o uso de forças armadas em solo americano.

Nem havia completado cinco meses de governo quando Trump assinou uma proclamação proibindo a entrada de cidadãos de 12 países e impondo, parcialmente, restrições a outros sete, dentre eles Cuba e Venezuela. Essa medida afeta em torno de 140 mil viajantes anualmente. Para justificar o ato, declarou que seria uma forma de responder a ameaças terroristas. Mantém-se, portanto, firmemente no propósito de deportar até 1 milhão de imigrantes a cada ano, focando nos indocumentados.

Mas quem são esses indocumentados, tão perseguidos? São pessoas que estão vivendo sem a necessária documentação para lá permanecerem. Em outras palavras, não possuem documentos legais para ali fixarem residência. Essa situação envolve vários fatores, tais como questões de imigração, direitos humanos e políticas públicas. Vivem permanentemente com medo de serem descobertos e deportados.

Mas é preciso conhecer as razões pelas quais os imigrantes ilegais se veem na contingência de enfrentar dificuldades enormes para obter o status legal. O processo é extremamente caro e bastante demorado. São estigmatizados como criminosos, mesmo não o sendo. Equivocadamente, os indocumentados são considerados um fardo pesado para os serviços sociais, ignorando-se que eles pagam mais impostos do que gastam em serviços públicos. Portanto, contribuem para financiar programas e serviços para todos os americanos.

Nos últimos dias, o que temos visto é uma ação violenta das forças militares, por ordem do governo, escalonando tensões em torno de sua política anti-imigração. Foi o que aconteceu em Los Angeles no dia 7 de junho, quando, sem o consentimento do governador da Califórnia, enviou cerca de 2.000 soldados da Guarda Nacional com o objetivo de deportar imigrantes indocumentados. Trata-se de uma ação sem precedentes em mais de 60 anos. Isso gerou confrontos com forças de segurança e reação da população que discorda dessa forma de agir.

Em várias cidades dos EUA, pipocaram manifestações contra a perseguição de imigrantes sem documentação regularizada. O que vemos é uma sociedade civil indignada, protestando pelas ruas contra a política migratória do governo Trump. A Califórnia, por exemplo, é o estado com a maior população de indocumentados — quase 1 milhão deles residem na área metropolitana de Los Angeles. Um em cada cinco habitantes é indocumentado ou tem um familiar que é. Para sufocar esses protestos, Trump determinou que 700 marines e 4 mil membros da Guarda Nacional seguissem para Los Angeles.

O segundo governo Trump quer mostrar força de choque e pavor em relação aos imigrantes indocumentados, e não se importa que esteja provocando um ambiente de guerra entre os próprios cidadãos estadunidenses que se colocam contrários a esse cruel ataque aos imigrantes. O objetivo é criar um efeito assustador que motive os imigrantes indocumentados e suas famílias a fugirem antes de serem presos ou deportados. Porém, não vai ser fácil. Muitos dos norte-americanos se mostram dispostos a enfrentar essa batalha.


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