Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Os gibis


27/04/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Faço parte da geração que se encantava com as revistas de histórias em quadrinhos. Essas publicações ganharam o nome de gibis, porque esse era o título da primeira revista em quadrinhos editada no Brasil, em 1939. Através deles nos iniciávamos no maravilhoso mundo da leitura. Os gibis são lembranças lúdicas da infância e pré-adolescência dos que viveram essas fases da vida nas décadas de 50, 60 e 70.

Era um dos nossos passatempos preferidos. Claro, nessa época não tínhamos a TV, os videogames, e outros apetrechos que fazem a distração da gurizada na atualidade. Os gibis, além de nos levarem a um mundo da fantasia, tinham um efeito educativo muito grande, pois nos ofereciam a oportunidade de praticarmos a leitura de uma forma divertida.

Os garotos colecionavam e trocavam gibis. O ponto de permuta no nosso bairro era na porta do Cinema Santo Antônio, ao lado da Igreja do Rosário, por ocasião das matinais dos domingos. Era uma verdadeira feira de trocas.

Alguns pais cismavam com os gibis porque entendiam que eles desviavam os filhos das leituras escolares. Na verdade, isso trazia um certo prejuízo no rendimento da escola quando virava mania, leitura exagerada e prioritária. No entanto, eu atribuo que cresci intelectualmente com as leituras dos gibis. Eles me conduziram nos sonhos que principiei a construir na vida, como também contribuíram para que eu me entusiasmasse com o hábito da leitura.

Nessas recordações nostálgicas me vêm as imagens dos personagens dos gibis do meu tempo: O Recruta Zero, o Bolinha e a Luluzinha, A turma do Pererê, Brucutu, Pernalonga, Gasparzinho, Zé Carioca, Mickey, Tio Patinhas, Pato Donald, etc. Sem falar naqueles que exploravam histórias de heróis como Mandrake, Fantasma, Batman, Mulher Maravilha, Homem Aranha, X-Men, Charlie Chan, Tarzan. A Turma da Mônica só veio aparecer no final da década de setenta.

Existia uma revistinha editada pelo SESI, que deixou de circular no início dos anos sessenta, que se chamava Sesinho. Tenho a lembrança de ir mensalmente adquiri-la na portaria do Externato Sagrada Família.

A associação das imagens coloridas e os textos curtos das histórias contidas nos gibis ajudavam a criança a compreender seu significado, despertando a capacidade de entendimento das coisas através da leitura. Mas são atividades do mundo infantil que ficaram para trás. No entanto, foram de suma importância na minha infância.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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