Geral
“Oceano”
13/03/2014
Foto: autor desconhecido.
Uma declaração de amor e uma súplica para que esse amor seja correspondido, é o que reflete a letra da música “Oceano” de Djavan. Lançada em 1999, essa canção é uma das preferidas do público admirador do cantor alagoano.
“Assim/Que o dia amanheceu/Lá no mar alto da paixão/Dava pra ver o tempo ruir/Cadê você? Que solidão!/Esquecera de mim”. O sujeito da música acorda do sonho de amor e se vê solitário, sentindo-se abandonado. As paixões são em geral sentimentos que trazem alegrias, mas também trazem desilusões, decepções, frustrações. É como se alguém estivesse navegando em mar revolto, onde as ondas muitas vezes tornam-se perigosas e podem causar transtornos, riscos de naufrágio, afogamento. O “eu lírico” se vê então nessa situação, “vendo o tempo ruir”, temendo que o enlevo tenha fim ou nunca possa ser realizado. Então lança a pergunta: cadê você? Fui esquecido?
“Enfim/De tudo que há na terra/Não há nada em lugar nenhum/Que vá crescer sem você chegar/Longe de ti tudo parou/Ninguém sabe o que eu sofri”. Na manifestação da sua paixão conclui que a vida não terá mais sentido sem a sua companhia. É como se o mundo parasse, nada acontecesse em seu favor sem que ela esteja ao seu lado. E é um sentimento torturante, aflitivo, que só ele sabe efetivamente o que está passando. Ninguém consegue avaliar a sua dor.
“Amar é um deserto/E seus temores/Vida que vai na sela/ Dessas dores/Não sabe voltar/Me dá teu calor”. O autor usa o deserto como metáfora para procurar definir bem os seus medos em relação ao que está para acontecer. Numa região de deserto a pessoa enfrenta calor durante o dia e frio intenso na noite, fica vendo miragens, pode ser surpreendido por animais peçonhentos, além do risco de morrer de sede. Então é um momento de inquietação, apreensão, nervosismo. Passa por um processo doloroso. E volta ao apelo meio desesperador para que ela volte para lhe oferecer o calor de um envolvimento amoroso.
“Vem me fazer feliz/Porque eu te amo/Você deságua em mim/E eu oceano”. Continua o chamamento condicionando que só assim ele poderá ser feliz. Insiste no uso metafórico quando fala no encontro das águas do rio e do oceano. Ele se apresenta como o mar que espera receber o desaguar das águas do rio na sua extensão.
“Esqueço que amar/É quase uma dor/Só sei/Viver/ Se for/ Por você”. A declaração final de amor, mesmo que às vezes não perceba o quanto sofrido é conjugar o verbo amar. Entretanto, não se omite em afirmar que só saberá viver se for em comunhão com aquela a quem dedica sua paixão e afeição.
• Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”
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