Walter Santos

Multimídia e Analista Político.

Geral

O significado de 422 anos


04/08/2007

Foto: autor desconhecido.

Não faz muito tempo a cidade se limitava geograficamente a moradias e comércio em torno do seu Centro, hoje chamado de Histórico, mas também concebido por certo abandono de seus cidadãos. Era tempo em que poucos compunham os bairros próximos e, por exemplo, da Torre até a Maciel Pinheiro era uma “viagem” de alegria infantil.

Tambaú – a orla marítima, era opção de veraneio para poucos e visita aos domingos pela maioria de poder aquisitivo restrito.

Veio o tempo e a expansão mobiliária transformou a cidade com sua expansão inversa a outros lugares, onde a Zona Sul se viu tomada pela classe média baixa para baixo e a Zona Norte pela classe média para cima.

João Pessoa traz consigo um mistério de quem tanto se ama e, volta e meia, se vê pouco cuidada na sua aura maior, que é a auto estima. É como se houvesse no inconsciente uma república de patotas que, ilhadas, não permitem pontes e pactos para crescimento maior do que somos.

Se é quem abriga a todos de forma amada mesmo, vindo de onde vier, nem por isso se desvincula de uma cultura dualista como na lapinha, do azul e encarnado, perrepistas e liberais, etc – valores que de alguma forma travam a expansão maior do que é preciso.

Há que ser dito que, vez em quando ela se insurge, vai às ruas (isso há tempo não o faz), mesmo que exija pouco dos seus governantes. Quer a cidade limpa, o dinheiro bem cuidado e o emprego dele à altura das necessidades, sobretudo das camadas mais pobres.

É por isso ( e muito mais ) que Ricardo Coutinho tem a concepção reconhecida de zeloso homem público, filho natural da cidade cuidando dela nessa condição de operoso, como outros não nascidos aqui o fizeram, antes dos desvirtuamentos.

Se continuar assim pode até alcançar vôos mais altos e resgatar o desejo silencioso da cidade de um dia ver um filho seu sentado na principal poltrona do Palácio da Redenção.

Mas, se há encanto tanto, já não escondemos o medo pela escalada da violência que se reproduz chegando próxima dos lares, dos cidadãos de bem, sem uma contra-ofensiva capaz de sanar essa péssima estatística, mesmo quando para conforto singelo, e só, entendamos que nossos números são bem menores que ao lado.

Mas isso não conforta, posto que precisamos de reação inteligente para preventivamente oferecer a contenção do crime, ora com mais emprego, mais zelo com nossa juventude e, quando necessário, a repressão devida ao banditismo.

Por isso, também, precisamos já agora tratar do futuro, pensá-la previamente enquanto os efeitos da duplicação da BR-101 não nos faz de ambiente onde bandidos ao redor assaltam nossa alma e possam fugir mais rápido tirando da gente a condição de cidade tranqüila.

Vai ser preciso então que nossa elite política radicalize na ‘briga’ maior por conquistas coletivas – e não de grupos e de questões menores – em favor desta urbe tão decantada e a merecer o beijo de todos, de coração, porque é aqui onde nossos filhos vão construir o futuro desta nação.


O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.