Política

O Que se espera de um novo Prefeito?


01/09/2020

Em novembro teremos eleições para prefeito. São diversas as candidaturas e arranjos políticos de apoio entre partidos e instituições. Os personagens são quase os mesmos que se conhece.

Nenhuma cara nova, nenhuma proposta construída sob pesquisa de qualidade e autenticidade das demandas da população, nenhuma informação coletada para saber os desejos do povo, suas aspirações, sua percepção com relação à cidade em que vive e habita. Nada, nenhuma referência de valor. Apenas o interesse em conquistar o poder político para instalar-se no gabinete central da Prefeitura.

O quadro que temos em pauta é duro, vertical. Uma coisa que vem de cima pra baixo, do poder, de ofertar ao povo a opção dos mesmos nomes, com as mesmas promessas, sorrisos e abraços de momento, bem ao gosto da época das velhas campanhas.

A gestão que encerra após oito anos de mandato, deixa um saldo de obras inacabadas, de abandono, de indiferença. Um Centro Histórico caindo aos pedaços. A barreira do Cabo Branco como uma gambiarra, mal remendada. O Porto do Capim praticamente destruído, com suas famílias desagregadas e sem ter para onde ir. Creches onde falta material de higiene até sabonete para as crianças tomarem banho. Postos de saúde onde faltam simples comprimidos para dor de cabeça, entre outras faltas. Uma decepção, uma atitude desumana.

Mas, o que se espera de um novo prefeito? Que no futuro próximo venha trabalhar na Educação, Saúde, Segurança, como quase todos prometem? Sim. Mas diante dessa realidade, quais as promessas concretas? O que temos em vista? Como fazer, como construir, quais os projetos, quais as bases para executá-los? O que se fala e ouve pelos bastidores é que ganha quem tem mais dinheiro, quem está articulado para a compra de votos, mas, e se o povo de repente não aprovar, se o povo resolver colocar nas urnas um resultado que traga surpresas?

Em tempos de tecnologia e marketing digital é preciso observar uma imensa força oculta através da rede virtual que se conecta, de pessoa a pessoa, formando grupos nas redes sociais. São estes grupos de forma horizontal, que discutem suas necessidades, que aprovam ou desaprovam as gestões, que avaliam marcas, personagens, candidatos. É este novo modelo de comunicação que dá poder, por exemplo, aos jovens, às mulheres, aos negros, aos artistas, ao coletivo, aos eleitores.

Os candidatos que não estiverem preparados, que não dialogarem através das redes sociais, que não tiverem propostas e garantias reais para os eleitores, estarão certamente fadados a segundos planos. Serão banidos. Já aqueles que montarem seus exércitos de profissionais operando e interagindo através das redes sociais, e que apresentarem propostas elencando principalmente avanços condizentes com as novas plataformas do consumidor, dos eleitores conectados, estes terão maiores oportunidades, maiores chances.

Estamos escrevendo a respeito do assunto, justamente, em forma de alerta, do que deveriam, sob nossa opinião técnica, de marketing 4.0, que é fundamentado no conceito de foco nos valores humanos. Estamos gritando ao mundo que a política obsoleta, que dava voz ao poder de cima para baixo, tende a desaparecer, para dar lugar às propostas inovadoras e sustentáveis, com a participação das comunidades, agregando valores na forma horizontal de agir, de comunicar e realizar. O ser humano em foco, pessoa interagindo com pessoa, formando grupos, formando opinião, usando a ferramenta da tecnologia, traduzindo o ser atual e a conectividade, as subculturas digitais da juventude, novamente, das mulheres, e dos netizens (cidadãos da internet).

Logo, queremos uma cidade limpa, com internet wi-fi de acesso público gratuito, com feiras organizadas, logísticas que favoreçam os empresários e consumidores, abastecimento de água, energia, transporte, escolas funcionando com tecnologia ao alcance dos profissionais, alunos e seus responsáveis, postos de saúde que atendam 24 horas, segurança e polícia que circule e esteja capacitada para atender a população, não só nos bairros de maior poder aquisitivo, como também e principalmente nas áreas de maior risco e bairros de periferia. Queremos um prefeito que mantenha olhar atento ao novo, ao atual, que realmente arregace as mangas e vá ao trabalho com objetivo de tornar a cidade uma plataforma inteligente, que traga benefícios comunitários e desenvolva os seus habitantes, que torne o sentimento confortável de habitar e viver na cidade. Que proponha a disrupção dos sistemas, das engrenagens obsoletas existentes ainda nos gabinetes, nas secretarias, para respostas mais rápidas e resultados reais, fiéis, verdadeiros. Queremos um Prefeito que trabalhe no sentido humano (mente + coração + espírito), que adote um conceito de valorização e reflexão com foco no ser humano.

Estamos em busca de valores humanos. É uma vergonha: às vésperas de uma eleição e ainda notícias de perseguição, de desemprego daqueles que não acompanham o atual gestor no voto à sua candidata indicada. Não estamos mais no tempo da escravatura. Estamos na era digital, do ser conectado com tudo e com o mundo. Não é admissível que João Pessoa permaneça aos pés duros da política obsoleta. É hora de saber quais as verdadeiras e urgentes necessidades dos nossos eleitores, as necessidades do povo. Hora de valorizar a vocação turística, a tecnologia, a cultura, o esporte, o social, o trabalho, a produtividade, a economia. Reorganizar os diversos setores existentes e criar novos programas, novos projetos, e outras novas soluções, para assim desenvolver a economia e a cultura da cidade, colocando João Pessoa num patamar de competitividade e tornando-a uma cidade inteligente, de valor e de futuro. É isso que desejamos e queremos de um novo Prefeito.

* Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing cultural.


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