Cultura

O que a Cultura espera de um novo Prefeito?


24/08/2020

Imagem ilustrativa

Volta e meia nos deparamos com quase todos os mesmos problemas de antes, da cena cultural na cidade, porque não dizer, no estado. Grupos de artistas de pires na mão, a maioria esperando ajuda do município, ou do estado, e do governo federal.

Agora mesmo, está para chegar parte da verba dos três bilhões de reais, referentes à Lei Aldir Blanc, que deveria ser emergencial, mas que leva meses com a burocracia, para atender a classe artística. Por outro lado, não há na maioria das cidades brasileiras, um cadastramento dos artistas, dos produtores, dos grupos, dos empresários do ramo, nada. E isso contribui para a não organização, a falta de unidade, e a falta de bom uso da tecnologia. Podendo, inclusive, prejudicar no recebimento dos valores destinados aos trabalhadores da cultura.

Temos acompanhado o trabalho do Secretário de Estado da Cultura, Damião Ramos Cavalcanti, no esforço hercúleo com sua Equipe, para buscar atender a todos que aguardam os recursos da Lei Aldir Blanc. Também da Funjope, liderada por Maurício Burity, bem como de outras prefeituras espalhadas pelo estado, e algumas que sequer interessam participar.

Mas, estamos em fim de gestões municipais, e próximo estão às eleições deste ano para prefeitos. E o que, de fato, nos apresentam as propostas dos novos candidatos a prefeitos? Quais as demandas, quais as promessas, quais as estratégias? Os candidatos tem se reunido com a classe artística? A classe artística tem elaborado propostas a serem apresentadas aos candidatos? O que pensam os produtores, os gestores de espaços culturais, quais as reais condições dos artistas, por exemplo, de circo, de música, de cinema, de teatro, de dança? E os autores literários, os fotógrafos, os pintores, os trabalhadores do artesanato, os operadores técnicos, os assistentes de produção, enfim…

É preciso entender, mais uma vez, que o setor cultural tem um retorno econômico dos maiores nas receitas municipais e estaduais, gerando PIB além do turismo e outros. No Brasil, o PIB cultural chega á 2,6 percentual, segundo o Secretário de Governo da Cultura.

Deveríamos despertar para projetos e contrapartidas, resgate de espaços, criação de novos outros. Buscar cada vez mais o apoio e o patrocínio cultural de empresas, bancos, instituições ligadas ao setor e preocupadas em interagir. E acabar com essa coisa de ficar esperando esmolas, migalhas, quando o assunto trata de verbas de incentivo, de negócio, de marketing cultural. Marketing é negócio. E negócio bom, isto aprendi na faculdade, no curso de gestão de marketing, é quando o negócio gera resultado para as partes, quando ganham os dois, ou todos os envolvidos na ação.

As gestões devem atentar para as PPPs, as Políticas Público Privadas. Um Museu, por exemplo, em Londres, em São Paulo, gera milhares de dólares com visitação acima de 1, 2, 3 milhões de pessoas ao ano. Turistas de todo o mundo que vão pesquisar, aprender, divertir e consumir desde a entrada às lembrancinhas do lugar, aproveitar para tomar um lanche, um café, ouvir palestras, participar de lançamentos de livros e exposições e outros eventos.

Aqui em João Pessoa, terceira capital mais antiga do Brasil, temos um patrimônio histórico e cultural que precisa ser resgatado e preservado. O Centro Histórico precisa ser urgentemente revitalizado, para atrair projetos tecnológicos, movimentar a economia, a gastronomia, a locação de escritórios e empresas e faculdades, entre outros. Temos diversas possibilidades como o turismo de negócios, turismo religioso, podemos criar e atrair eventos de porte nacional e internacional. Precisamos de projetos, de vontade política, de ação já.

Precisamos potencializar e valorizar, e captar recursos, por exemplo, para o evento pré-carnavalesco, Folia de Rua, para comportar as grandes marcas nacionais e oferecer ao público uma experiência confortável, atrativa, marcante, inesquecível, segura, sustentável, e economicamente viável, como faz o estado vizinho, Pernambuco, com o Galo da Madrugada e o Carnaval do Grande Recife.

É preciso também trazer de volta o São João da Capital. Porque não?! Temos uma população abrangente na grande João Pessoa. Gente que vem de Cabedelo, do Conde, de Bayeux, Santa Rita, esse povo que, quando quer divertir-se no período junino, é obrigado a enfrentar estradas lotadas à caminho de Campina Grande, Bananeiras, Patos, e outras cidades do interior. Ou seja, há uma demanda aguardando para ser atendida. Isso é pensar a cidade e seus aspectos artísticos e culturais, e as soluções para tornar viável grandes eventos, gerando receita, empregos, e movimentando a economia.

Então, fica a pergunta: O que a Cultura espera de um novo Prefeito?


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