Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O prefácio de Robinson Granjeiro


29/04/2017

Foto: autor desconhecido.


O pastor presbítero e psicólogo Robinson Granjeiro me deu a honra e a satisfação de tê-lo como prefaciador do livro SENTIMENTOS, EMOÇÕES & ATITUDES que estarei lançando no dia nove de maio, às dezenove horas, no restaurante Picuí Praia, no Bessa.
Eis o texto:

Caro Rui

Faço desse prefácio uma curta missiva, que lhe envio pelo correio inusitado – e de certa forma, em desuso – pelas vias da palavra escrita e impressa, este gênero em derrocada, diante dos emotions virtuais, que se pretendem mais sintéticos do que até a própria pontuação.

Ao ler suas obras, sempre restou-me a convicção de que você tem as duas maiores virtudes de um cronista: capacidade singular de observação das falas e dos não ditos, dos textos e intertextos, bem como aquela que é a mais simples e cabulosa das vontades: a de escrever o que não pode ficar adormecido no leito de meros pensamentos.

Alguém já disse que ser um cronista é como se encontrar com algo que lhe faz falta e que volta como música preferida. Quase como uma comida obrigatória do cardápio diário ou semelhante àquela perseguição religiosa e disciplinada daquele ritual, qualquer que seja, mas sobretudo inescapável e expiatório. É assim que lhe imagino a cada manhã ou fim de dia.

Sim! Quase esqueci dessa adolescente inquieta chamada imaginação, que alguns julgam subtraída desse gênero e seus gênios, mas que é o estofo imprescindível que subjaz nas letras, expressões e frases do texto! Ali, no mesmo canto ou em qualquer recanto, sentado a prosear com a vida e consigo mesmo, dando a nascer sua maneira peculiar de ver a existência e os existentes, mortos ou vivos, tangíveis ou metafísicos, todos lençóis dessa parturiente inquietude de onde brotam as crônicas.

Já li algumas de suas obras, nas quais você, elegante, se acompanhou de finas damas descritivas e lindas senhoras narrativas. Agora, neste presente trabalho, revela uma verve reflexiva à semelhança das balzaquianas discretas de outrora, com seus vestidos cheios de renda escondendo voluptuosas paixões. Contudo, que desafio, amigo, esse de falar de emoções tão básicas, e quase tão indecifráveis como a Alegria, e tão misteriosas como as virtudes, que de tão importantes, tornaram-se cardeais, à semelhança da Moderação e da Modéstia, nomes cheios de etiquetas para descrever a mais pura Humildade! Na olhada atenta e contínua de comportamentos atuais e costumeiros, assim como vulgares e abjetos, a Espetacularização e o Fisiologismo. Enfim, temas multifacetados como todo polígono escrito, que chamamos de coletânea.

Ao companheiro de leitura, que me honra ao ler estas poucas linhas à guisa de prefácio, dou-lhe testemunho que, à semelhança de gotículas de orvalho derramadas parcimoniosamente pelo Criador sobre as folhas aveludadas e frágeis das petúnias, a leitura de cada uma dessas crônicas, desde que calmamente sorvidas, será um bálsamo a lhe tirar da roda-viva para o regaço onde repousam os sentimentos mais nobres. Foi assim que li e reli. E por isso, a minha admiração cresceu, assim como a gratidão, sinceras por me permitir encerrar este ode ao seu talento, com os melhores votos de muitas edições sopradas pelos ventos venturosos de um crescente sucesso. De resto, a minha contínua oração para que Deus o conserve com vida, saúde e lucidez por muitos anos, para que, por suas crônicas também possamos refletir e crescer; não seria esta a razão de escrever ?

Com carinho, do amigo
Robinson Grangeiro
Pastor presbítero e psicólogo
 


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