Geral
O Poder feroz e a Primavera de Hélder
03/01/2012
Foto: autor desconhecido.
Desde o final do programa “Conexão Máster”, nesta segunda-feira, que a insônia me tomou de conta pelos fatos surgidos no inicio da madrugada. O boato da morte de Fidel Castro me fez tomado de inquietude e releituras, mas nada me afetou mais do que a cena protagonizada pelo Secretário de Comunicação do Estado, Nonato Bandeira, bradando diante de pacatos entrevistadores de que não promoveu nenhuma ação para a demissão de diversos jornalistas no atual Governo, entre eles Hélder Moura.
Independente de conceitos e argumentos, quem conhece minimamente a recente historia sabe que foram diversas, muitas as demissões, a última prestes a se consumar por obra ou não do Governo, mas em plena fase do atual agrupamento no Poder.
Abstraio-me de adentrar a políticas internas de uma empresa, como é o caso do Correio, mas a cena e negativa na TV Master feriram fortemente a história por vários motivos, entre os quais a coragem de se desafiar a verdade, que um dia se reestabelecerá para não vingar o argumento inventado e bem elaborado silenciado diante de todos ao redor.
Nonato Bandeira assumiu definitivamente a conduta de mão-de-ferro de Ricardo Coutinho com voz mansa, mas de tamanha força que suas palavras passaram a ser temidas e suas articulações fatais podendo até ferir de morte morrida a quem lhe conteste ou não aceite a Nova Ordem vigente, hoje a aniquilar os Poderes logo fazendo da atualidade uma cena de medo e intimidação.
Mas, meu Deus, quem disse que avançar na sociedade e vida é sinônimo de calar as vozes, de cercear a liberdade de expressão, de acuar a esperança de justiça, de anular a convivência com quem nos exige diálogo? Esta, de fato, não é a fase prometida, posto que o exercício de Poder é efêmero e não pode se confundir com ensaios modernos de tirania contra quem não reza na Cartilha em voga.
E é inverdade querer atribuir a quem pensa diferente em busca de diálogo estar-se a serviço da Oposição que, aliás, vive pegando carona nos desacertos continuados de quem prometia paz e vive em clima de guerra. Deus nos livre!
Confesso que nunca imaginei a sociedade paraibana convivendo com práticas abusivas sem um pio sequer das entidades de classe (API, OAB, Focco, Ministério Público, etc – Nada!), que fingem estar diante de um problema distante, lá longe, sem encarar a gravidade do significado de todo esse asfixiamento da liberdade de expressão. Vejam o exemplo da Bolívia, Equador, Venezuela, Argentina, os países do Oriente Médio, etc!
Quantas bandejas e quantos Hélderes vão ser precisos para se reestabelecer a forma simples e republicana de se conviver com o contraditório e construir mais uma fase da vida democrática da Paraíba sem a covardia tomada de conta e uma subserviência que escancara a mediocridade de nossa elite econômica.
Sem economia forte a sociedade enfraquece e se submete à força da caneta oficial passando a determinar em todos os níveis o que pode e o que não pode existir com a anuência e fraqueza de uma gente outrora mais digna.
A entrevista de Nonato ficou marcada na história mas um dia, quem sabe, ele poderá dizer a si mesmo que melhor seria permitir que todos, inclusive seus contestadores, pudessem sobreviver como toda a sociedade moderna deseja: com liberdade e reconhecimento da sua própria auto-sustentaçao porque nenhum asfixiamento se sustenta por muito tempo.
Pior é que ainda vai aparecer quem diga: é isso aí, avance mais, bote pra torar! E eu pergunto: para que?
Que pena, tudo isso estar acontecendo exatamente agora quando o Pais experimenta a febre do desenvolvimento, porque a Paraíba não apostou em processo / retrocesso, de forma nenhuma, e quer apenas o direito de viver com respeito e decência.
O exemplo de Dilma Rousseff
Nunca na historia contemporânea, uma mulher com função publica de relevância nacional foi tão atingida na moral do que a ex-candidata Dilma Rousseff. Na Grande Mídia, os ataques foram além da conta promovidos por renomados jornalistas, como Demerval Pereira, Dora Kramer, etc até com expressões chulas.
Terminada a eleição, já em discurso, Dilma assumiu de vez que a partir dali iria governar para todos os brasileiros, inclusive, os mais de 40 milhoes que não votaram nela.
Resultado: a grande imprensa ainda insiste em desestabilizá-la em nome de uma Ética que acaba assumindo o papel da Oposição, mas nem de longe houve ou há qualquer pedido de “Cabeças” ou retaliação.
Isto, sim, é postura republicana indispensável, quer seja no bairro da Torre, no Cairo ou em qualquer ambiente de origem tabajara.
ÚLTIMA
“Porque gado a gente mafrca/ tange/ ferra/ engorda e mata/
mas com gente é diferente…”
O Portal WSCOM não se responsabiliza pelo conteúdo opinativo publicado pelos seus colunistas e blogueiros.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.