Geral

O NEGÓCIO DO PATROCÍNIO CULTURAL


28/02/2019

Foto: autor desconhecido.

 

Enquanto o negócio do Carnaval se expande por todo o país, deixando de ser apenas uma festa localizada entre Rio de Janeiro, Salvador, Recife, e ganha cada vez mais espaço em São Paulo, com mais de setecentos blocos patrocinados num valor médio de investimento da ordem de 19 milhões, e outras cidades como a brilhante Fortaleza, que já atrai grandes marcas; assistimos aqui em João Pessoa a lamentável perda de oportunidade de valorizar e potencializar uma das mais importantes instituições de momo em nosso país, qual seja o bloco Muriçocas do Miramar, Patrimônio Cultural, que até outro dia arrastava em torno de 1 milhão de foliões, marca esta, quando se fala em negócio, que interessa a empresas, governos, etc.,.

Sim, o Muriçocas, durante seus 33 anos de existência construiu uma marca diferenciada a partir de valores culturais no bairro do Miramar, João Pessoa. Seu hino, e seu fã clube superlotaram a avenida sem igual, sempre contemplando os foliões com excelentes atrações como o próprio cantor compositor  Fuba, líder do bloco, Alceu Valença, Carlinhos Brown, Elba Ramalho e outras estrelas, e abrindo espaço para novos artistas, novos talentos.

Há dois anos as coisas começaram a mudar. Muda a economia do país, mudam as propostas de investimento das empresas, mudam as Leis de Incentivo a Cultura, enfim… E surge a necessidade de reinventar-se, de inovar para manter-se no mercado. Mas para isto é preciso contar com a importante ferramenta do marketing, consultorias, etc. Em outras palavras se faz necessário profissionalizar as ações e estratégias para manter-se vivo.

Não apenas o Muriçocas, como todos os demais blocos, e a Associação Folia de Rua, seja aqui em João Pessoa ou no Rio, Nova Iorque, qualquer lugar do mundo, é preciso investir e trabalhar de forma organizada, planejada, com mão de obra especializada. Não dá mais para ficar apostando no jogo de empurra, de faz-de-conta, e pior, sem transparência – o que deixa de lado o item confiança, afastando possíveis investidores. O mundo mudou, as formas de operar requerem cada vez mais especialização, capacitação, profissionalismo. O mundo dos negócios atrai cifras indizíveis, mas para que isto aconteça é importante buscar as ferramentas adequadas e atualizadas.

Exemplo do que escrevemos no parágrafo acima, este ano o bloco Vumbora, puxado pelo baiano Bell Marques, estreiou na programação do Folia de Rua com competente presença. Desde o início, contratou assessoria de comunicação, fez um pré-lançamento em um hotel da cidade e levou convidados da Imprensa, Empresas, Artistas, e outros para apresentar o projeto, personalizou, fez campanha em mídias digitais, rádio, televisão, e o resultado foi um sucesso de público com retorno para as marcas envolvidas. Tudo muito simples como manda o figurino.

Ficamos a imaginar se, por exemplo, o Galo da Madrugada, nosso vizinho de Recife e, segundo o Guiness Book, maior bloco de arrasto do mundo, com público de mais de dois milhões de pessoas; se este abrisse mão de algum desses itens de marketing quebrando toda uma corrente de negócios e cultura e impactando negativo na sua marca. Ora, porque não repetir a receita com As Raparigas do Chico, Muriçocas, e demais blocos?

Porque não tornar possível viabilizar o negócio da cultura alinhado ao turismo, ao lazer?  Ficam as questões todas em torno do desafio de dar continuidade ao patrimônio cultural, sabendo que é hora de sentar e repensar com responsabilidade. Ou vai ou racha. É isso.

Gil Sabino é jornalista e gestor de marketing. g.sabino@uol.com.br

 


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