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O milagre de Natal
23/12/2023
Como tantos, não ganho todo o dinheiro que gostaria ou que seria necessário para viver do jeito que a gente quer, uma constatação que se torna ainda mais real nessa época de Natal, com a tradição de presentear a família e os amigos.
A sorte é que nessas horas, o menino Deus que está para nascer sempre me mostra o outro lado da vida, no caso, crianças como ele, que acometidas de malformação congênita. fazem do presente uma ponte para o futuro.
E mostra também que existem pessoas boas, que cuidam dessas crianças e jovens vítimas do lábio leporino e fenda palatina, com desvelo e amor, como se fossem incumbidos pelo criador de contribuir com seu trabalho para construir um mundo mais justo e misericordioso.
Essa rara oportunidade me foi dada essa semana. com a realização de um vídeo no setor de fissurados do Hospital Universitário, onde pude conhecer um grupo de pacientes que não apenas acredita na cura, mas que também não desiste jamais.
E que foram gerados à imagem e semelhança do Menino Deus, e zelados por uma mãe que é igual a Nossa Senhora, quando acolhe e acarinha em seu manto o filho querido e cura as suas chagas.
Em linhas gerais, são anjos que ainda não podem voar, como pássaros feridos, mas que um dia vão chegar lá. E falar e cantar um canto melodioso, reservado aos que conseguem falar com Deus.
Muitos são totalmente curados, e alguns outros estudam para ajudar a curar os que ainda estão em tratamento. Nem sempre se fazem acompanhar da mãe. Dois deles estavam com o pai. Um pai herói e orgulhoso da evolução do filho. O pai nosso que está no céu.
O vídeo também me ofereceu a oportunidade de conhecer um homem santo, o pediatra Paulo Germano que está á frente do ambulatório dos fissurados, onde é tratado pelos seus pacientes como um fazedor de milagres.
Até mesmo porque sempre existem milagres no Natal, capazes de nos livrar de todo mal amém.
Magro e em boa forma para os seus setenta e tantos anos, o médico não lembra em nada o Papai Noel, mas ao se fazer presente no meio daquelas crianças feridas, parece ser a melhor tradução do Natal.
O ser que ajuda o seu semelhante sem querer nada em troca. Quando muito, o reino dos céus. E que rege uma orquestra de músicos imaginários, que tocam instrumentos cirúrgicos e são treinados para salvar e melhorar vidas.
No final do segundo dia de gravação, duas adolescentes na fase final do tratamento tocaram e cantaram Aleluia, de Leonard Cohen, pra gente gravar. E uma outra canção, autoral, que falava de dores e fissuras, e também de superação.
Quanto a mim, até então preocupado com as contas para pagar, descobri naquele lugar que o mais importante é prestar contas a Deus. Vivo ou morto, a fatura sempre chega, de um jeito ou de outro.
Era como se eu tivesse seguido na direção da estrela. Um rei mago, enviado para propagar um novo tempo de amar ao próximo como a si mesmo. E espalhar aos quatro cantos que a vida é bela. A beleza que só os olhos do coração conseguem ver.
Descobri também que tudo é relativo. Cada um sabe a sua dor. E quanto à riqueza, ela sempre esteve perto de mim. Eu apenas não a tinha visto.
Feliz Natal para todos.
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