Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

“O Menino de Engenho”, orgulho paraibano


31/05/2015

Foto: autor desconhecido.

 

A gente se enche de orgulho quando vê um conterrâneo fazer sucesso. Foi o que aconteceu comigo em 1966. Acompanhei pela imprensa todo o noticiário sobre o lançamento do filme “Menino de Engenho”, baseado na obra de José Lins do Rego, escritor paraibano que possuía, além das qualidades de grande escritor, a de ser um ardoroso torcedor do Flamengo. O filme, produzido e dirigido por Walter Lima Junior, tinha como seu protagonista principal o cajazeirense Sávio Rolim, interpretando o personagem Carlinhos.

Sávio Rolim saiu do anonimato para brilhar no cenário nacional do cinema. O ator mirim, na época com doze anos de idade, se projetava como uma das grandes revelações da arte cinematográfica brasileira e dele se esperava uma carreira das mais promissoras. Lamentavelmente não foi isso o que aconteceu. Nem quero aqui entrar no mérito dos motivos que tolheram sua continuidade no sucesso.

O que quero recordar é a alegria de ver um garotinho saído do interior paraibano conquistar o Brasil com sua interpretação no filme que se tornou um dos grandes êxitos de bilheteria dos anos sessenta e recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Sávio Rolim passou a ser nossa referência artística. Meu espírito de cajazeirado estava inflamado de orgulho.

Fico triste em saber que a glória teve curta duração. Aquele que foi nosso ídolo, caiu no ostracismo, vitimado por males que o fizeram perder a sanidade mental. Ainda que lamentemos se não continuou sendo o mesmo que nos deu tanta vaidade, o que precisa ser relembrado é sua performance como ator revelação, mostrando ao Brasil e ao mundo o seu talento. A ele todas as nossas homenagens e reverências.

O sentimento de paraibanidade me faz viver momentos de grande alegria sempre que vejo alguém nascido no solo tabajara se destacar em qualquer que seja a sua área de atuação. Foi isso que experimentei naquele ano, assistindo o mundo aplaudir a Paraiba no cinema, por ocasião da exibição do filme “Menino de Engenho”.

Em Sávio Rolim vejo muitos paraibanos que não tiveram ainda a oportunidade de se colocarem como expressões do nosso valor cultural e artístico. Precisamos descobri-los. Que surjam, que se manifestem, que sejam expostos com todas as suas qualidades. A Paraiba é um celeiro de talentos, um laboratório de artistas. Aqui germinam sementes que produzem cultura para o Brasil.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.

 


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