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O Marketing e o Dragão do Imediatismo


19/05/2021

Juliette, vencedora do BBB21, Gil do Vigor e Luiz do Canadá.

A TV Globo teve esse ano a maior audiência de todos os programas do reality show BBB já apresentados. A ganhadora foi a advogada paraibana Juliette, uma explosão de simpatia, com mais de 22 milhões de seguidores em suas redes sociais. Tudo que qualquer marca de poder de mercado interesse em ter como parceira.

Na noite que foi consagrada vencedora do BBB21, Juliette não só levou o prêmio de R$1,5 milhão de reais, mas todo um processo competitivo que mudaria sua vida a partir de então. Convites e mais convites para participar de programas, de shows, de comerciais de televisão, moda, etc.

Esta semana foi anunciado que ela seria a nova contratada da marca de cosméticos Avon, um dos patrocinadores do BBB. Como nova embaixadora da marca, terá proposta de várias campanhas envolvendo o seu perfil com a força que ganhou escala a partir do programa.

Uma das propostas veio do super astro pop Luan Santana, para participação de um novo clipe de lançamento da música Morena, e também para contrato com a gravadora Sony, onde o artista grava seus trabalhos. Não colou!

Como também não colaram centenas de convites de políticos que querem homenageá-la com entrega de títulos de honrarias nas câmaras municipais, assembleias estaduais, e outras instituições.

Juliette é a nova namoradinha do Brasil, a queridinha de todos, uma nova estrela. Poderosa. Seu nome viralizou, virou marca. O que ela tocar vira ouro. O produto que ela indicar, terá já garantido milhares de fãs e seguidores, melhor dizendo, consumidores. Pode escolher que caminho tomar.

Ops! Mas é ainda muito cedo, ou não, para se pensar nisso?  O mercado está passando por momento difícil, de reajustes diante das formas de atrair, vender, entregar, pontuar suas marcas e novos valores. É preciso de imediato que o destino nos responda o que acontecerá. Ou já o tempo passa, vira a página.

Vimos diversos exemplos de sucessos da noite para o dia e que se desfazem, caem no esquecimento logo no mês seguinte. Luiza do Canadá, um meme que nasceu de um simples comercial criado pelo publicitário Alberto Arcela, para uma imobiliária, em que os pais da garota aparecem comprando um apartamento e vão comemorar, e nesse momento o pai diz a frase? Menos Luiza, porque está no Canadá. Bastou isso pra que o mundo curioso viesse em busca dessa garota, a Luiza. Ela, filha de Gerardo Rabelo, um jornalista da Paraíba, estava no Canadá e logo teve que retornar ao Brasil, para atender a demanda de solicitações para participar de programas nacionais de televisão, comerciais, etc. Não sei informar por qual motivo, não consolidou carreira artística e logo caiu no esquecimento.

Gil da Vigor, outro concorrente do BBB21, um rapaz de Pernambuco, está aí nas paradas de sucesso com sua graça e simpatia, e sendo contratado da própria TV Globo, além de propostas para comerciais de televisão e outras.  Já disse que a partir de setembro vai embora do país dar continuidade aos seus estudos com bolsa no exterior.

Por outro lado, assistimos ao jogo do capitalismo, em que grandes grupos formalizam suas propostas comprando redes de lojas, indústrias, lançando novas marcas e produtos, e serviços, e mudando o tempo todo ao gosto do consumidor que hoje decide na palma da mão o que entra ou sai do ar. É o marketing do imediatismo. A chamada mídia.

Enquanto escrevo esse artigo, milhares de produtos em todo o mundo estão sendo ofertados,  a logística toma conta de outros processos para que eles cheguem cedinho na sua porta, os números das financeiras e seus milhares de cartões de crédito redobram seus investimentos e receitas. A rede de farmácias Pague Menos anuncia a compra de outra rede concorrente, das farmácias Extra, por R$700 milhões e diz que é uma quantia insignificante. A Ford, e outras marcas de automóveis, decidem pela retirada de suas montadoras do Brasil. A rede Carrefour compra a rede brasileira Big que pertenceu ao Wal-Mart e Advent International, que havia comprado da rede Bompreço. O Magazine Luiza, agora Magalu, entra de cabeça nos investimentos da tecnologia digital e multiplica seus lucros e participação nas bolsas do mercado financeiro.

Enquanto o marketing do imediatismo e os grandes dinossauros não dormem, os dragões se alimentam a mil por hora numa dança de sobrevivência que nem sei dizer o nome. Sobem os valores dos insumos para fabricação da vacina contra o coronavírus. Faltam medicamentos para acompanhamento das vítimas de covid que superlotam leitos e UTIs dos hospitais em todo o mundo. Multiplicam-se as fábricas de máscaras e mais máscaras, e o álcool gel torna-se comoditie. Falta matéria prima para confecção de urnas funerárias. Faltam espaços para ampliar cemitérios. Faltam profissionais de enfermagem e medicina em geral. Falta emprego, água, energia. O Japão se prepara para as Olimpíadas de Tóquio. Políticos brasileiros estão na corrida para as eleições de 2022… Nesse momento, toca o celular. É um amigo pedindo para efetuar Urgente um PIX de R$20, pois precisa comprar remédio para uma netinha de apenas 15 dias de nascida.


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