Paraíba
O lorde por excelência
21/05/2023
Dann Costara, da Sala 10, falou um dia desses que se não fosse a minha geração, a dele não existiria. Seguindo a mesma linha de raciocínio, posso afirmar que se não fosse Genival Ribeiro, eu e muitos outros da minha geração não teríamos encurtando caminhos para o crescimento e evolução da publicidade e propaganda da Paraíba.
Visionário de primeira hora, coube a ele, de pouca leitura, escrever uma nova história no segmento, vindo a criar a primeira agência nos moldes como a conhecemos hoje.
A iniciativa foi bem recebida pelo mercado na época e, em pouco tempo, a GR, com as iniciais do seu nome passou a assinar as campanhas do grupo São Braz, da Polyutil e dos produtos Lechef.
Entrei na agência por esse tempo, na saída de Jaguaribe onde fiz dupla com Jorge Dias da Luz e Linha – e também irmão do genial artista plástico paraibano Antônio Dias -, para a casa verde da Almirante Barroso.
No início, sem muita convicção, não demorei a me render ao carisma e a motivação daquele que parecia ser um Quixote contemporâneo, num mundo encantado sem limites e sem fronteiras.
Foi assim que vi meus roteiros, do Farroz e do vermute Mazile, ganharem vida em película – nos estúdios da Lynx Filmes em São Paulo – por obra e graça da sua intuição e coragem.
Lembro também que muita gente boa passou por lá, como Deodato Borges Filho, o Mike Deodato, artista consagrado dos quadrinhos e como Antônio Pacot que cuspia nas telas para conseguir novos tons das cores de suas tintas.
A GR foi também a primeira agência a conquistar prêmios, entre eles o Colunistas regional e até mesmo um nacional com uma campanha para o café Paraense.
Numa dessas premiações, em Salvador, o lorde, bem ao seu estilo, levou doze pessoas para um hotel cinco estrelas, entre elas um fotógrafo e um cabeleireiro.
Em outra ocasião, inventou de abrir uma filial no Rio e por lá passamos quinze dias instalados num hotel de luxo, à beira mar de Copacabana, traçando planos para o futuro.
Assim era o lorde que durante toda a vida nunca perdeu a pose.
Nem mesmo quando o encontrei tempos mais tarde no banco de trás de um velho Chevette, guiado pelo seu fiel escudeiro Genilson.
A única diferença é que já não parava na frente da empresa dos clientes para não passar recibo. Deixava o veículo uma esquina antes e fazia o resto do percurso a pé.
No mais, ainda era o mesmo publicitário que pensava em mudar o mundo, mas que não teve tempo para isso.
Morreu pouco depois com a cabeça no colo da mulher amada.
Bem ao seu estilo. Mais que uma morte. Uma verdadeira arte final.
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